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Cultura

Bárbara Paz se diz ‘honrada’ em voltar ao Festival de Veneza

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De volta ao Festival de Veneza com o curta-metragem “Ato”, a diretora e atriz brasileira Bárbara Paz revelou sua alegria e a honra que sente ao apresentar seu trabalho em uma das mostras de cinema mais importantes do mundo.

No lugar de vestido longo e com brilho, que é mais comum em eventos assim, a atriz e diretora brasileira apostou em blazer, calça, camisa, gravata borboleta, chapéu e bota de salto alto. Para completar, usou máscara no rosto acoplada a um vaso de planta carregado nas costas. Tudo para protestar contra o crescente desmatamento da Amazônia.

“Para mim, é uma honra voltar ao festival, ainda mais depois desse momento que a gente viveu, está vivendo ainda, que é muito triste. No Brasil, principalmente, além da pandemia, desse vírus invisível, temos esse governo desgovernado que é contra a cultura. Os artistas sem plateia, sem palco, sem produção, sem verba… É muito difícil. Então, para mim, trazer um dos filmes brasileiros que estão aqui é uma honra. É um curta que nasceu desse momento de isolamento, onde a gente estava em casa, todo mundo isolado”, disse Bárbara em entrevista à ANSA.

O curta faz parte da seleção “Horizontes”, que reúne obras com “novas tendências estéticas e expressivas”, na seção “Fora de Concurso”, ou seja, não disputará prêmios em Veneza. “Ato” será exibido pela primeira vez ao público em 10 de setembro, marcando a volta de Bárbara ao festival onde, em 2019, ela conquistou o prêmio de melhor documentário de cinema na competição “Venice Classics”, com “Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou”.

“É um segundo voto de confiança que eu recebo do festival. É um bem-vindo, uma confiança para criar, dirigir, fazer meus projetos mais autorais”, acrescentou a artista. O curta mostra a história de Dante, um homem que contrata Ava, uma “profissional de afeto”, e aborda a questão da solidão.

Sobre o processo de criação, Bárbara contou que estuda o tema há vários anos e que fez pesquisas com diversos grupos, incluindo moradores de rua e profissionais que estavam na linha de frente contra a pandemia.

Também participou de um workshop chamado “clínica de obsessão” no Festival Teatro em Movimento, em Minas Gerais, o qual ela usou para continuar se aprofundando no tema da solidão.

“E aí, dentro desse roteiro, usei um argumento que eu já tinha sobre essa mulher que cobra para dormir junto de conchinha. Ela cobra para dar afeto porque o mundo está muito solitário. Esse projeto já tem cinco anos, muito antes da pandemia, quando nem sonhava que esse momento poderia existir. Acho que as pessoas estão muito solitárias porque a internet juntou e afastou o humano. Então, ao invés de comprar uma máquina, você compra o ser humano de volta só para ter a presença ali, só para você adormecer com a presença, com o calor humano, segurando a mão. É o afeto mesmo, não é sexo”, explicou.

Segundo Bárbara, o ser humano, antes mesmo do isolamento provocado pela Covid-19, já vivia isso de “estar em todos os lugares ao mesmo tempo e não estar com ninguém, de estar muito sozinho”. “O filme fala disso. Eu falo que é um pequeno ato, é um estado, é um grito, é um lugar aqui que a gente passou e está passando, é uma suspensão no tempo, como se fosse um lugar de memória e aí junta tudo: a gente sem voz, sem plateia, criando sem parar, criando pra existir e para não morrer jamais.”

Sobre o impacto que o curta pode ter na Itália, um dos países mais afetados pela pandemia de Covid-19 e que viveu meses de isolamento rígido, a artista relatou ter visto o quanto a nação “sofreu e como é necessário todo esse protocolo que eles estão seguindo, que são bem rígidos”.

“Eu espero, sim, que os italianos e que o público que vai para o festival se identifiquem muito com o filme de alguma forma. E tem uma coisa também que é esse medo constante da morte, essa travessia, esse lugar que todos tivemos que atravessar de alguma forma. E o filme fala disso, dessa travessia até a morte, o que é esse lugar que está do nosso lado e a gente está vendo constantemente agora. Então, o filme também é um ato, um respiro sobre isso, sobre o fim”, acrescentou.

O curta ainda levará ao Festival de Veneza uma ópera cantada pela atriz Alessandra Maestrini, “Chi Il Bel Sogno Di Doretta”, que também pode cativar os italianos. “Isso foi muito interessante porque não tinha me tocado que ela cantava em italiano. Vai ser lindo quando ela começar a cantar nessa sala maravilhosa em que vai passar o filme. Os deuses do teatro me abençoaram”, disse.

O curta “Ato” é produzido pela Rubim Produções, pela BP Filme, por Tatyana Rubim e pela própria Bárbara. Além de Maestrini, o filme é protagonizado pelo ator Eduardo Moreira. .
   

Fonte: Terra

Cassio Felipe

Professor, Escritor e Jornalista Especialista em Relações Internacionais e Diplomacia

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