Terms & Conditions

We have Recently updated our Terms and Conditions. Please read and accept the terms and conditions in order to access the site

Current Version: 1

Privacy Policy

We have Recently updated our Privacy Policy. Please read and accept the Privacy Policy in order to access the site

Current Version: 1

Cultura

Dia do Professor: o pioneirismo de Antonieta de Barros

0:00

A primeira deputada negra eleita no Brasil criou a data comemorativa em 1948 no Estado de Santa Catarina

O dia 15 de outubro foi escolhido como Dia do Professor em referência à data em que o imperador D. Pedro I instituiu o Ensino Elementar no Brasil, em 1827. A partir de 1963, através da assinatura do Decreto Federal nº 52.682 pelo presidente João Goular, o Dia do Professor passou a ser comemorado oficialmente em 15 de outubro em todo o Brasil.

Mas a data já era celebrada no Estado de Santa Catarina desde 1948 por iniciativa de Antonieta de Barros, que apresentou à Assembleia Legislativa o projeto de lei que oficializava o 15 de outubro como Dia do Professor no território catarinense.

Professora por formação e filha de uma ex-escrava, Antonieta teve relevante papel na luta pela igualdade racial e pelos direitos das mulheres.

Uma trajetória admirável

A trajetória de vida de Antonieta de Barros é admirável. Nascida em Florianópolis, em 11 de julho de 1901, sua infância foi difícil. Filha de Catarina de Barros e de Rodolfo de Barros, sua família era muito pobre. A mãe, após ser libertada da escravidão, começou a trabalhar como lavadeira. O pai, um jardineiro, morreu quando ela era ainda menina. Para complementar o orçamento doméstico, a mãe transformou a modesta casa da família em pensão para estudantes.

O convívio diário com os estudantes contribuiu para que Antonieta se alfabetizasse precocemente.  Aos 17 anos, entrou na Escola Normal Catarinense (atual Instituto Estadual de Educação), concluindo o curso e diplomando-se em 1921.

Em 1922, fundou o Curso Particular Antonieta de Barros, voltado para a alfabetização da população carente, e o dirigiu até 1952.

Em Florianópolis, lecionou as disciplinas de português e literatura na Escola Normal Catarinense, a partir de 1934, e no Colégio Coração de Jesus e no Colégio Dias Velho, de 1937 a 1945, neste último sendo também diretora.

Foi professora do atual Instituto Estadual de Educação, entre os anos de 1933 e 1951, e sua diretora, de 1944 a 1951, nomeada pelo governador Nereu Ramos, quando se aposentou, mas continuou ensinando até o fim de sua vida.

Antonieta nunca deixou de exercer o magistério. Ela dirigiu a escola que levava seu nome até morrer, em 1952. Faleceu em 28 de março de 1952, em Florianópolis, sendo sepultada no Cemitério São Francisco de Assis.

projeto de lei dia do professsor antonieta de barros history channel brasil
Imagem: IHGSC

Inquietações de ideias

Durante a década de 1930, manteve correspondência com a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), através de cartas trocadas com a ativista Bertha Lutz, que fazem parte do acervo documental do Arquivo Nacional.  

Além do magistério, Antonieta também exerceu a função de jornalista, sendo fundadora do periódico A Semana, que circulou entre 1922 e 1927, em Florianópolis. Também dirigiu o periódico Vida Ilhoa, na mesma cidade. Escrevendo crônicas, divulgava suas ideias ligadas às questões da educação, dos desmandos políticos, da condição feminina e do preconceito (racial e social).

Sob o pseudônimo Maria da Ilha, em 1937, Antonieta escreveu o livro Farrapos de Idéias, e participou do Conselho Deliberativo da Associação Catarinense de Imprensa, a partir de 1938.

Participação político-partidária

Em 1934, ano em que as brasileiras puderam votar e se candidatar, Antonieta filiou-se ao Partido Liberal Catarinense, elegendo-se deputada estadual. Foi deputada constituinte em 1935 e relatora dos capítulos de Educação e Cultura e Funcionalismo. Em 19 de julho de 1937 presidiu a Sessão da Assembleia Legislativa, sendo a primeira mulher a assumir no Brasil a Mesa de assembleia legislativa estadual. Exerceu o mandato até 1937, quando o presidente Getúlio Vargas iniciou o período ditatorial da Era Vargas e os parlamentos de todo o país foram fechados até 1945.

Em 1947, após o fim da ditadura Vargas, Antonieta concorreu a deputada novamente, desta vez pelo Partido Social Democrático. Obteve a segunda suplência e assumiu a vaga em junho de 1948, cumprindo o mandato de 1947 a 1951, sendo novamente a única mulher no Parlamento Estadual.

Entre as bandeiras de seu mandato parlamentar sublinha-se a concessão de bolsas de estudo para alunos carentes. É de sua autoria a Lei Estadual nº 145 de 12 de outubro de 1948, que instituiu no território catarinense o Dia do Professor e o respectivo feriado escolar.

download 2
Antonieta de Barros com a bancada de Deputados Estaduais que elegeram Nereu Ramos (ao centro) como Governador do Estado em 1935. (Fonte: Perfis Parlamentares: Nereu Ramos)

Dias de luta, dias de reconhecimento

Desde o início de sua via Antonieta de Barros conviveu com os desafios da pobreza e com os preconceitos de cor, classe social e por ser mulher.

O objetivo de exercer o magistério foi conquistado. É considerada uma educadora de vanguarda, em especial, na educação de jovens catarinenses. Manteve sempre uma postura inquieta frente aos obstáculos sociais do seu tempo. Tornou-se professora, escritora, jornalista e representante política reconhecida.

Dedicou-se aos estudos. Expressou suas ideias em uma época em que as mulheres não tinham a liberdade de expressão. Lutou no parlamento catarinense, principalmente, pelos menos favorecidos e pela educação.

Entre tantas homenagens póstumas recebidas cita-se o Plenário Antonieta de Barros, da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina e o Prêmio Antonieta de Barros, da Câmara de Vereadores de Florianópolis. Ainda, na área central da mesma cidade existe a Escola Antonieta de Barros.

antonieta de barros G1 SC
Mural em homenagem a Antonieta de Barros (Foto: G1/SC) – Painel (32 metros de altura por 9 de largura) em sua homenagem, inaugurado em 18 de agosto de 2019, na Rua Tenente Silveira, Centro de Florianópolis, dos artistas Thiago Valdi, Tuane Ferreira e Gugie.

“Educar é ensinar os outros a viver; é iluminar caminhos alheios; é amparar debilitados, transformando-os em fortes; é mostrar as veredas, apontar as escaladas, possibilitando avançar, sem muletas e sem tropeços; é transportar às almas que o Senhor nos confiar, à força insuperável da Fé.”

Antonieta de Barros

***

http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/biografia/68-Antonieta_de_Barros

R. Santos

Redator.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo
X