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Mundo

Parte 2: A crise em Belarus: Uma visão geral, por Volha Yermalayeva Franco

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Continuando a nosso panorama sobre Belarus, hoje vamos falar sobre a segunda parte da nossa conversa com Volha Yermalayeva Franco, representante da Embaixada Popular de Belarus no Brasil. Na primeira parte da nossa conversa, ela falou um pouco sobre algumas lembranças históricas, sobre as expectativas de muitos belarussos com a queda da URSS e sobre modo fraudulento que o atual autoproclamado presidente , Lukashenko, se mantem no poder de forma autoritária e ditatorial.

Volha Franco
Volha Yermalayeva Franco, representante da Embaixada Popular de Belarus no Brasil

Volha relata que mortes, devido à truculência do governo, já aconteceram antes de 2020, quando protestos massivos eclodiram por todo ao país contra a reeleição de Lukashenko. Apesar de toda a violência causada pelo seu regime e que está estampada nas capas dos jornais mundo afora, Volha diz que ele continua no cargo, não pelos mais de 80% de votantes que ele argumenta que o elegeram, mas porque ele tem um forte aparato repressivo construído durante décadas. E também porque é apoiado financeiramente por Putin. Não fosse isso, já teria caído há muito tempo.”

Ao longo de seu governo, Lukashenko foi perdendo o apoio popular. “Ele não tem o apoio da população que tinha até por volta de 2015 e sua aprovação foi diminuindo cada vez mais e hoje os que apoiam Lukasehnko, são aqueles que fazem parte do aparato repressivo do Estado belarusso. ” Ela continua dizendo que as falsificações não são apenas uma situação do dia das eleições, na contagem dos votos, mas que isso se inicia muito antes: “primeiro que se ele não fizesse aquele referendo sobre a alteração da Constituição ele nem sequer poderia se candidatar, pois já teria exercido o cargo de presidente dentro do número de vezes permitido”. Volha também afirma que, além da alteração da constituição, as falsificações se devem a quem conta os votos, a muitos que participam das eleições e sempre houve prisão de ativistas ou oponentes que poderiam “atrapalhar” as vitórias de Lukashenko.

“Quando a gente fala de oposição em Belarus é o pessoal que está se manifestando contra Lukashenko, pois a única ferramenta que as pessoas têm, são os protestos, as declarações, mas não são essas pessoas que têm algum espaço no parlamento. Isso é muito diferente do Brasil, pois aqui a oposição são as pessoas que estão no governo – câmara ou senado – que se opõem ao presidente de forma legítima, então eles têm uma parcela do poder. Lá – em Belarus – é o contrário, a oposição é quem não está no poder e nem tem parte dele, pois está presa ou vivendo no exterior, fugindo de perseguições. ”

Considerando todo o tempo em que Lukashenko está no poder – mais de 25 anos – os maiores protestos contra ele aconteceram em 2020, como já sabido. Segundo Volha, a grande proporção de manifestantes foi devido  a nunca antes tão óbvia falsificação da eleição e também por causa da violência policial desproporcional, nunca antes vista nessa dimensão, contra manifestantes na primeira noite depois da eleição. “As pessoas se organizaram e se comunicavam sobre em quem iriam votar e, além disso, foi criada também uma plataforma de votação alternativa chamada Hólas/Gólos , que seria “voz”, em português, que também significa “voto”, pode ser traduzida duas formas. Então nessa plataforma, você podia se cadastrar com dados básicos para evitar falsificações, mas oferecia garantia de anonimato. As pessoas também enviavam a foto da cédula de votação. ” Resumidamente, a plataforma levantou muitos dados para confrontar os resultados das eleições.

“Sempre foram registrados muitos problemas por observadores, houve muitas denúncias, prisões de jornalistas […], os principais opositores de Lukashenko – Siarhei Tsikhanouski e Viktar Babaryka –  foram presos no meio da campanha. ”

Siarhei Tsikhanouski foi sentenciado a 18 anos de prisão em dezembro passado. Ele foi preso em 2020 depois de galvanizar um movimento popular sem precedentes contra Alexander Lukashenko.  Viktar Babaryka, ex-banqueiro e figura da oposição belarussa, foi condenado a 14 anos de prisão ainda em julho de 2021. Ele é considerado o principal adversário de Alexander Lukashenko, o líder disputado do país.

A esposa de Tsikhanouski, Sviatlana Tsikhanouskaya, que era uma novata política no momento da prisão de Siarhei,  substituiu-o como candidato eleitoral e afirma ser a legítima vencedora. Sobre ela, Volha declara, “que ela foi registrada como candidata, primeiro, porque Lukashenko é machista e não achava que ela ia fazer uma concorrência e outro para fazer tipo meio que uma piada da oposição, … Ah uma dona de casa, uma mulher, uma esposa de um preso político vai se candidatar, quem que vai voltar em uma mulher em Belarus? Se você me perguntasse dois anos atrás quem que iria votar em uma mulher em Belarus, eu também teria minhas dúvidas se alguém fosse e eu fico muito muito muito surpresa e muito feliz que isso aconteceu.

Para finalizar, Volha esclarece, “eu não apoio a ideia de chamar isso aí de eleição. Lukashenko não foi reeleito, ele se autoproclamou presidente porque ele não tem nenhuma legitimidade, o povo não reconhece ele, muitos países no mundo também não reconhecem ele como líder eleito, ele não foi eleito. Sviatlana Tsikhanouskaya é a nossa presidenta eleita, ela não teve a tomada de posse, mas ela foi eleita, isso é confirmado, tem provas […] isso não é nem questionável. Então eu, como muitas pessoas de Belarus, me recuso a chamar Lukashenko de presidente”.

Texto e Entrevista: Cássio Felipe Tartas Rogalski

Cassio Felipe

Professor, Escritor e Jornalista Especialista em Relações Internacionais e Diplomacia

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