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Américas

Com pouco combustível e muito calor, Cuba enfrenta grave crise energética

Com rede elétrica frágil, ilha tem sofrido série de apagões, que tem gerado revolta na população

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Para os cubanos, o calor chegou e a energia pode acabar a qualquer momento.

As altas temperaturas do verão e uma rede elétrica frágil fazem parte da vida em Cuba há muito tempo, mas agora a ilha está lidando com graves faltas de combustível, usinas elétricas em falha e apagões generalizados que estão testando até os mais pacientes.

A crise de energia é uma preocupação particular para os funcionários do governo após os protestos generalizados do ano passado, os maiores desde a revolução cubana, que começou depois que os moradores se cansaram dos apagões e foram às ruas.

Na semana passada, pessoas na cidade de Los Palacios bateram com raiva panelas e frigideiras em uma manifestação contra um apagão noturno. Os moradores relataram que o serviço de internet foi cortado por várias horas e que as autoridades locais conseguiram acalmar os manifestantes. Pelo menos por enquanto.

“Cuba parece um barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento”, disse Miguel, que mora na mesma província onde ocorreram os protestos mais recentes. Ele pediu que seu nome completo não fosse usado por medo de represália.

Em resposta à crescente crise de energia, as autoridades providenciam atualizações regulares sobre a falta de energia, mas as notícias raramente são boas.

“A situação é complexa e tensa agora, mas tem uma solução, mesmo que não aconteça imediatamente”, disse o ministro de Energia e Minas, Livan Arronte Cruz, durante uma aparição na TV estatal na segunda-feira (18), onde admitiu que os apagões continuarão durante o verão.

Autoridades cubanas dizem que as sanções dos Estados Unidos, que aumentaram dramaticamente durante o governo Trump e foram mantidas em grande parte com Biden, tornam a compra de peças de reposição para usinas de energia e até combustível difícil e mais cara.

Mas o analista Jorge Piñon, diretor do Programa de Energia da América Latina e Caribe da Universidade do Texas, disse que o governo cubano está produzindo menos petróleo que o necessário para operar as usinas de energia da ilha e está enfrentando cada vez mais um déficit de energia.

Os investimentos em energia renovável até agora não deram frutos. Uma proposta de uma joint venture chinesa para construir um parque eólico foi adiada, e um projeto britânico para transformar o resíduo da moagem de cana-de-açúcar em energia foi prejudicado pela recente colheita ruim, a pior em Cuba em mais de 100 anos, disse Piñon.

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Manifestantes gritam palavras de ordem contra o governo cubano durante protesto em Havana, em julho do ano passado / Reuters

Ainda mais prejudicial foi o fracasso do governo em investir na manutenção da frágil rede elétrica.

“Não sou alarmista, mas pela primeira vez em muito tempo estou realmente preocupado”, afirmou Piñon à CNN. “Você tem uma série de efeitos cumulativos que não podem ser resolvidos com band-aids. Estamos falando de grandes investimentos estruturais de bilhões de dólares que podem levar anos para resolver esse problema.”

As autoridades cubanas reconhecem que reparos significativos não estão no horizonte e o melhor que podem fazer é continuar a improvisar as usinas existentes e importar qualquer combustível que puderem.

“As usinas consumiram mais da pequena quantidade de combustível que temos”, disse o presidente cubano Miguel Diaz-Canel em um discurso televisionado em junho. “Fundamentalmente diesel, que nos custa muito trabalho para obter e significa que nossa geração de energia é afetada, assim como importantes atividades econômicas.”

Em meio aos cortes de energia, os cubanos reclamam que o transporte público está cada vez mais escasso e os fumigadores do governo não tem o combustível necessário para pulverizar amplamente os mosquitos que transmitem a dengue.

Os motoristas que usam diesel em seus carros e caminhões agora esperam dias em postos estatais para abastecer. Em um posto em Havana, uma longa fila de carros e caminhões estava pronta para o próximo carregamento de diesel.

As pessoas jogavam dominó ou dormiam em seus carros para passar o tempo. Os motoristas na frente da fila disseram que esperaram mais de oito dias para abastecer e criaram um sistema usando o WhatsApp para organizar virtualmente uma fila, mas que a polícia cubana havia dito que eles precisavam esperar lá pessoalmente.

“Não podemos ir”, disse Iván enquanto esperava para encher seu Buick 1958. “Se você sair, outra pessoa ocupará o seu lugar e você terá que voltar ao início e começar tudo de novo.”

Por CNN

Cassio Felipe

Professor, Escritor e Jornalista Especialista em Relações Internacionais e Diplomacia

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