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Esporte

Desde 1970 o Colosso da Lagoa é cartão postal de Erechim

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Inaugurado em setembro de 1970, e completando mais um ano de vida hoje (02/09), o Colosso da Lagoa segue como o grande cartão postal do município de Erechim. Conhecido em todo o Brasil, a obra, erguida em um dos principais acessos à cidade, recebe todos àqueles que chegam em Erechim.

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Luciano Breitkreitz – comunicador, pesquisador e Dr. em História.

Nesta data, o Roda de Cuia convidou o pesquisador e comunicador, Luciano Breitkreitz, para destacar alguns aspectos importantes da história do estádio. Luciano é doutor em história e tem dois livros que abordam o tema. O primeiro: “À sombra do Colosso da Lagoa, uma História de Futebol em Erechim”, foi lançado em 2016. O segundo, lançado em 2021: “À Sombra das Chuteiras Meridionais: Uma História Social do Futebol (E outras coisas)”, reúne mais de 30 pesquisadores de todo o Brasil, e aborda o futebol sobre diferentes pontos de vista.

Luciano destaca que a inauguração do Colosso da Lagoa aconteceu em setembro de 1970, mas a sua história inicia muito antes. Nos anos 60 um incêndio atingiu a sede social do Ypiranga Futebol Clube que ficava localizado na Rua Alemanha. O clube viu a necessidade de se reerguer, mas isso precisava ser consolidado no aumento do seu quadro associativo. Neste contexto, surge a figura de Dionísio Sganzerla, que propôs uma maneira de vender títulos patrimoniais e construir um grande estádio. O então presidente Oscar Abal aceitou o desafio. A proposta foi construir um estádio muito grande, em uma chácara localizada na Avenida Sete de Setembro, que era financiada com a venda de títulos patrimoniais. Quem comprava os títulos concorria a sorteios com prêmios como automóveis, e isso acabou chamando a atenção em diversas partes do Brasil e até fora do país.

É importante destacar que na época da sua construção o Colosso da Lagoa trazia em seu conceito o que era de mais contemporâneo na prática esportiva. Algo que se pode enfatizar é a iluminação para jogos noturnos e a drenagem do gramado, que permitia jogos em dias de chuva forte. Os vestiários traziam uma série de confortos, contando com banheira para hidromassagem. “O investimento feito na iluminação do estádio, na época da inauguração, indiscutivelmente era uma das melhores do Brasil. Tratava-se de um novo sistema de iluminação de estádios de futebol criado pela Phillips, sendo composto por lâmpadas halógenas de mercúrio cristalizadas tendo por base quatro torres, medindo 40 metros de altura e dispostas em forma de X”, destaca o pesquisador. O sistema de iluminação, frisa Luciano, era um marco para os padrões da época, completamente diferente das costumeiras vistas por todo o país. Seu custo total foi de 162 mil cruzeiros novos, sendo o segundo do mundo a adotar tal sistema de iluminação – o primeiro foi o Estádio Olímpico da cidade de Frankfurt, na antiga Alemanha Ocidental.

Luciano ainda comenta outro aspecto importante que precisa ser destacado: a grandiosa ação de marketing que aconteceu para sua inauguração, e que efetivamente trouxe uma grande visibilidade em todo o país. “Para isso foi programado um grande festival de inauguração. O estádio teve na sua inauguração partidas dos times em que jogavam os craques brasileiros, campeões mundiais da Copa do Mundo de 1970. Além de clubes de expressão regional, como Atlântico, Esportivo e Taguá de Getúlio Vargas, foram convidados clubes que tinham atletas que disputaram a Copa do Mundo de 1970, como Santos F.C., Grêmio Porto Alegrense, Botafogo de Futebol Regatas, Esporte Clube Internacional, Cruzeiro, além do Independiente da Argentina”, explica ele.

Os diretores do clube fizeram a aposta de trazer estes ídolos para Erechim. A festa ganhou notoriedade na imprensa de todo o Brasil, que analisava com entusiasmo e empatia a ação de marketing do clube do interior do Rio Grande do Sul. O fato do primeiro gol ter sido marcado por Pelé, na partida inaugural, entre Grêmio e Santos, também ajudou a dar visibilidade para o estádio, pois é algo sempre lembrado pelos que acompanham o futebol do interior do Rio Grande do Sul.

O Ypiranga jogou três partidas durante o evento e venceu as três. Enfrentado o Esportivo de Bento Gonçalves, o Taguá, tradicional adversário do município de Getúlio Vargas, e o arqui-rival Atlântico.

Luciano comenta, entretanto, que nem tudo foi festa na inauguração do Colosso da Lagoa. O evento acabou trazendo alguns prejuízos ao clube, pois o festival tinha duas fontes de receita. A primeira era a venda de placas, que foi um sucesso, e a segunda era a bilheteria dos jogos, que foi aquém do esperado. “Setembro de 1970 foi muito chuvoso, e isso, aliado a falta de pavimentação nas estradas da região espantou o público. Vale lembrar que sequer a Avenida Sete de Setembro era totalmente pavimentada, assim, com exceção de Grêmio e Santos, em todos os outros jogos, o público ficou aquém do esperado”, explica.

Para o pesquisador, este aspecto da bilheteria, não tira o brilho e a importância do que foi feito pelo futebol de Erechim neste período. Especialmente os aspectos ligados à captação de recursos, que acabaram servindo de modelo para outros clubes. Além da obra em si. Pois mais de cinco décadas depois ainda tem servido ao seu propósito: abrigar com qualidade e conforto grandes partidas de futebol que acontecem na cidade.

Obras de Luciano Breitkreitz sobre o tema futebol/Estádio Colosso da Lagoa:

À sombra do Colosso da Lagoa, uma História de Futebol em Erechim – 2016.

À Sombra das Chuteiras Meridionais: Uma História Social do Futebol (E outras coisas) – publicado em 2021 e que contém um capítulo escrito por Luciano.

R. Santos

Redator.

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