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Mundo

Temperaturas estão ‘aumentando mais rápido’ do que ferramentas podem calcular, dizem cientistas

Análise sugere que mudanças climáticas causadas pelo homem são responsáveis por ondas de calor na Europa, que vêm superando modelos climáticos projetados por pesquisadores

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A recente onda de calor do Reino Unido foi o “Bake Off Grã Bretanha” que ninguém queria – e segundo uma nova análise, isso foi causado, pelo menos em 10 vezes mais, devido à influência do homem nas mudanças climáticas.

O projeto World Weather Attribution (WWA), que realizou a análise, disse ainda que é possível que suas descobertas também estejam subestimadas, alertando que as ferramentas disponíveis para os cientistas têm limitações e estão criando um ponto cego na avaliação de qual o papel dos humanos nas ondas de calor.

As ondas de calor estão se tornando mais frequentes e mais longas em todo o mundo, e os cientistas dizem que as mudanças climáticas causadas pelo homem têm influência em todas elas. A pergunta mais difícil de responder é: “Quanto?”.

Para determinar a influência humana sobre o calor extremo, os cientistas usam uma combinação de observações e modelos climáticos, ou simulações. Embora os modelos em suas descobertas sejam frequentemente conservadores, o calor extremo observado na Europa Ocidental aumentou muito mais do que o estimado pelos modelos climáticos.

“Enquanto os modelos estimam que as emissões de gases de efeito estufa aumentaram em 2ºC as temperaturas nesta onda de calor, registros climáticos históricos indicam que a onda de calor teria sido 4ºC mais branda em um mundo não aquecido por atividades humanas”, disse o WWA em nota à imprensa.

“Isso sugere que os modelos estão subestimando o impacto real das mudanças climáticas causadas pelo homem nas altas temperaturas no Reino Unido e em outras partes da Europa Ocidental. Isso também significa que os resultados da análise são conservadores e as mudanças climáticas provavelmente aumentaram a frequência do evento por mais do que o fator de 10 estimado pelo estudo”.

Na semana passada, o Reino Unido experimentou temperaturas acima dos 40 graus Celsius pela primeira vez, atingindo 40,3 graus Celsius na vila inglesa de Coningsby, em 19 de julho. O governo britânico emitiu seu primeiro alerta de calor extremo de nível vermelho da história para várias partes da Inglaterra, incluindo a capital, Londres.

À medida que as temperaturas subiram, a infraestrutura do país cedeu. Os trilhos de trem entortaram, uma pista de aeroporto derreteu, a brigada de incêndio de Londres declarou um “grande incidente” quando vários incêndios começaram, no que o serviço disse ter sido os dias mais movimentados desde a Segunda Guerra Mundial.

As pessoas foram aconselhadas a trabalhar de casa, algumas escolas foram fechadas, enquanto hospitais e serviços de emergência chegaram ao limite.

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Moradores dão um mergulho em uma piscina para se refrescar do lado de fora de sua casa em 19 de julho de 2022 em Leeds, Reino Unido. / Getty Images

“Na Europa e em outras partes do mundo, estamos vendo cada vez mais ondas de calor recordes, causando temperaturas extremas que se tornaram mais quentes mais rapidamente do que na maioria dos modelos climáticos”, disse Friederike Otto, do Instituto Grantham para Mudanças Climáticas do Imperial College London, que lidera o projeto WWA.

“É uma descoberta preocupante que sugere que, se as emissões de carbono não forem cortadas rapidamente, as consequências das mudanças climáticas no calor extremo na Europa, que já é extremamente mortal, podem ser ainda piores do que pensávamos anteriormente”.

Cada fração de grau de aquecimento global trará impactos cada vez maiores da crise climática. O mundo já aqueceu cerca de 1,2 graus Celsius em média, e há um consenso crescente de que os humanos devem tentar manter o aquecimento até 1,5 graus Celsius para evitar pontos de inflexão, onde alguns ecossistemas dos quais a Terra depende para seu equilíbrio ecológico podem ter dificuldades para se recuperar.

Os cientistas disseram que os resultados do modelo também indicaram que uma onda de calor tão intensa quanto a da semana passada no Reino Unido “ainda é rara no clima de hoje”, com 1% de probabilidade de acontecer todo ano. No entanto, mais uma vez os registros meteorológicos sugerem que os resultados da simulação de computador são conservadores e eventos de calor extremo semelhantes provavelmente ocorrerão com mais frequência também.

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Solo rachado em meio ao forte calor na Praça do Parlamento britânico, em Londres / 12/07/2022 REUTERS/Toby Melville

Em resposta à publicação da nova análise do WWA, a Dra. Radhika Khosla, da Oxford Smith School of Enterprise and the Environment, elogiou os cientistas por sua velocidade.

“Ao realizar uma análise rápida com base em métodos estabelecidos e revisados por pares, a equipe do WWA é capaz de obter resultados baseados em evidências para o domínio público, enquanto todos ainda podemos lembrar dos principais problemas causados pelo calor extremo da semana passada. Este é o mais recente de uma série de estudos que mostram o mesmo resultado: as mudanças climáticas tornam as ondas de calor mais prováveis e mais intensas”, disse Khosla.

“O nível de calor que o Reino Unido está experimentando agora é perigoso: sobrecarrega nossa infraestrutura, economia, sistemas de alimentação e educação e os nossos corpos. Como o estudo aponta, muitas casas no Reino Unido se tornam inabitáveis em calor extremo. Adaptação ao aumento das temperaturas, construir resiliência ao calor com abordagens sustentáveis e proteger as pessoas são prioridades urgentes à medida que temperaturas sem precedentes se tornam a norma”.

Peter Stott, pesquisador em atribuição climática do Met Office do Reino Unido, disse que esta não é a última vez que o país será forçado a lidar com tais extremos.

“Temperaturas acima de 40ºC ocorrerão de novo, possivelmente nos próximos anos e muito provavelmente nas próximas décadas”, disse Stott. “Somente reduzindo as emissões de gases de efeito estufa podemos reduzir os riscos de tais extremos se tornarem cada vez mais frequentes”.

Por CNN

Cassio Felipe

Professor, Escritor e Jornalista Especialista em Relações Internacionais e Diplomacia

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