Projeto Apresente sua Tese segue com mais duas professoras na UFFS Erechim

A UFFS Erechim deu continuação, na última quinta-feira (29/09), ao projeto de socialização de suas pesquisas de doutorado. Ao todo, são 14 professores que, uma vez por mês, apresentam suas teses à comunidade acadêmica e regional. As primeiras apresentações foram em 30 de junho deste ano. Os encontros acontecem nas dependências da universidade, das 18h às 19:30, auditório do bloco dos professores.

O projeto é uma promoção do Núcleo de Apoio Pedagógico (NAP), intitulado “Apresente sua tese: círculos formativos docentes”. Conforme explica professora pedagoga Marta Luiza Sfredo, o objetivo é promover a formação docente e socializar as pesquisas referentes às teses de doutorado produzidas pelos docentes que atuam na UFFS – Campus Erechim, além de oportunizar um momento formativo e reflexivo sobre a relação da pesquisa com a docência universitária.

Nesta data, as professoras Denise Knorst da Silva, com a tese: Uma ação de formação de professores na e para uma abordagem investigativa em aulas de Matemática e, Cherlei Marcia Coan, com a tese: Possibilidades para a construção de uma docência crítico-transformadora dos formadores da área de ciências da natureza na licenciatura em educação do campo: um estudo na UFFS Campus Erechim-RS, apresentaram suas pesquisas à comunidade acadêmica e comunidade em geral.

O portal Roda de Cuia esteve presente e entrevistou as doutorandas. A elas, foram feitas três perguntas iguais sobre a motivação para o estudo, a conclusão mais importante e a contribuição de suas teses para a sociedade.

A professora Cherlei Marcia Coan foi a primeira a apresentar sua tese e nos contou um pouco sobre seu trabalho.

Roda de Cuia: O que a motivou a desenvolver a tese sobre o assunto abordado?

Professora Cherlei: Desde o início da minha atuação na UFFS, no início de 2012, minhas investigações no âmbito da Pesquisa, Ensino e Extensão envolvem a produção e disseminação de conhecimentos sobre formação de professores e ensino e aprendizagem de Ciências e Biologia.

Ao ingressar como docente no curso de Licenciatura em Educação do Campo com habilitação em Ciências da Natureza me deparei com uma proposta pedagógica que traz contribuições inéditas ao campo de formação de professores ao propor um conjunto de elementos estruturantes que procuram superar a clássica fragmentação do conhecimento na sua organização curricular, são eles: a prática interdisciplinar, a organização curricular por regime de alternância entre Tempo Escola e Tempo Comunidade, o currículo organizado por área de conhecimento, a docência multidisciplinar e o acesso e permanência dos sujeitos do campo. Ao mesmo tempo, essa proposta envolve muitos desafios, já que foi motivo de estranhamento para parte dos docentes que a ela se inserem. O trabalho de tese teve a intenção de entender se essas novas formas de organização curricular têm possibilitado aprendizagens da docência pelos professores formadores, considerando que a proposta formativa da Licenciatura em Educação do Campo exige novos aprendizados dos docentes da educação superior que vêm atuar nessas licenciaturas.

O objeto de investigação da tese está ligado intrinsecamente com minha história de vida e de formação: por ter nascido no campo e estudado em uma escola na época classificada como rural; por ter me formado professora em uma universidade que atende a região do Alto Uruguai Gaúcho, constituída por pequenos municípios, que tem sua economia predominantemente agrícola; por ter atuado como professora do Ensino Médio atendendo muitos estudantes oriundos do campo; por me tornar docente formadora de professores em instituições públicas e privadas com um número significativo de sujeitos que construíram suas  histórias de vida no campo; e por atuar como professora no curso de Licenciatura em Educação do Campo em uma universidade pública, numa proposta inclusiva, com indígenas das etnias Kaingang e Guarani, agricultores e agricultoras do campo, lideranças comunitárias e de movimentos sociais. Minha convicção é que a educação pode, sim, ser a porta de entrada de mudanças urgentes para estes sujeitos que tanto precisam delas para aprofundar suas leituras de mundo e da sua própria realidade.

Roda de Cuia: Qual foi a conclusão mais importante de sua tese?

Professora Cherlei: Um dos principais resultados do trabalho da tese sinalizou que a construção de uma docência crítico-transformadora envolve uma proposta de trabalho coletivizada do grupo de professores, dinamizada por meio do planejamento e implementação de projetos integradores, que tem como ponto de partida a realidade concreta dos sujeitos do campo, num movimento permanente de ação-reflexão-ação sobre a prática pedagógica. Nesta dinâmica, o desvelamento das contradições presentes nas realidades dos sujeitos passa a ser o propósito central do processo pedagógico, a partir delas se desenvolvem os conhecimentos acadêmico-científicos.

Roda de Cuia: Como sua tese pode contribuir com a universidade e sociedade regional?

Professora Cherlei: Partindo dos pressupostos freireanos da dialogicidade, problematização e humanização minha intencionalidade está em contribuir na construção de projetos e trabalhos de pesquisa comprometidos com a transformação da realidade educacional das escolas do campo por meio da formação de educadores mais críticos e reflexivos.  Nesse sentido, a reflexão crítica sobre as próprias práticas se revela uma necessidade, assim como políticas públicas de formação continuada de formadores de professores. Meu trabalho de tese apontou contribuições da vivência dos formadores de professores no curso de Licenciatura em Educação do Campo com habilitação em Ciências da Natureza para o exercício de práticas interdisciplinares no âmbito da atuação na educação superior.

A professora Denise Knorst da Silva foi a segunda a apresentar sua tese e também nos contou um pouco sobre seu trabalho.

Roda de Cuia: O que a motivou a desenvolver a tese sobre o assunto proposto?

Professora Denise: A atuação por muitos anos na formação de professores, com atividades de ensino, pesquisa e extensão direcionadas ao ensinar matemática na Educação Básica, possibilitou a reflexão sobre as práticas de modo a problematizar a integração de metodologias investigativas nas aulas de matemática. A necessidade de (re)pensar as práticas nas diferentes áreas do conhecimento é sempre atual, tendo em vista uma concepção de formação permanente e que considera o movimento de mudanças e influências que permeiam a Educação. No ensino de matemática, e no contexto da tese, a pesquisa se voltou para a investigação sobre uma abordagem de ensino investigativa, implicações formativas e suas possibilidades nas aulas. A aprendizagem da matemática pelos alunos, aliada à novos olhares e experiências, é tida como uma contribuição do estudo.

Roda de Cuia: Qual foi a conclusão mais importante de sua tese?

Professora Denise: A tese defendida refere-se ao potencial de ações de formação de professores na e para a abordagem investigativa em busca da integração de metodologias no ensino de matemática. A principal conclusão nessa direção é da relevância da valorização dos processos de formação de professores nos diferentes níveis e áreas do conhecimento, em especial, o estudo aponta para a especificidade de ações que possibilitem a mobilização de conhecimentos sobre a abordagem e metodologias investigativas em busca de promover aulas de matemática sob novas perspectivas.

Roda de Cuia: Como sua tese pode contribuir com a universidade e sociedade regional?

Professora Denise: A tese revela um processo de prática docente reflexiva, a trajetória de atuação profissional da pesquisadora tomada para reflexão, análise e problematização, as possibilidades de desenvolver pesquisas nesse viés se constituem como referência para a formação de professores. A pesquisa apresenta um processo formativo, caracterizando uma ação desenvolvida com professores do município de Erechim, constituindo elementos para discussões em novos contextos, incentivando a constituição de grupos de colaboração e formação docente.

A próxima apresentação será no dia 20/10, com a seguinte programação:

Ana Maria de Oliveira Pereira – O protagonismo do jovem na relação com o conhecimento geográfico: possibilidades e limitações no uso das tecnologias digitais nas aulas

Sandra Simone Höpner Pierozan – Uma década de estudos sobre o Plano de Ações Articuladas (PAR): revisão sistemática da produção acadêmica

Mediação: Sonize Lepke

Na sequência, seguem as duas apresentações finais.

Dia 24/11

Andréia Inês Hanel Cerezoli – A alteridade na relação locutor-enunciadores: potencialidades da teoria da polifonia para a qualificação da habilidade de compreensão leitora

Thiago Ingrassia Pereira – Classes populares na Universidade Pública Brasileira e suas contradições: a experiência do Alto Uruguai gaúcho

Mediação: Denise Knorst da Silva

Dia 15/12

Débora Regina Schneider Locatellli – Feiras de negócios e seu potencial para desenvolvimento de relacionamento entre expositores

Ulisses Pereira de Mello – Construção do conhecimento agroecológico em sistemas agroflorestais de erva-mate e de frutíferas: conhecimento local e produção de novidades

Mediação: Jerônimo Sartori

As inscrições ocorrem no local do evento. Haverá certificação para o público.

Mais informações: [email protected].