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Ásia

Parlamento do Sri Lanka deve eleger novo presidente até a próxima semana

País atravessa grave crise econômica e política; manifestantes invadiram a residência oficial do presidente e a casa do primeiro-ministro

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O parlamento do Sri Lanka se reunirá novamente em 15 de julho e um novo presidente será eleito no dia 20, disse o presidente do Parlamento nesta segunda-feira (11), enquanto o presidente Gotabaya Rajapaksa planeja renunciar na quarta-feira em meio a uma devastadora crise econômica.

“As indicações para o próximo presidente serão apresentadas ao parlamento em 19 de julho. Em 20 de julho, o parlamento votará para eleger um novo presidente”, disse o presidente Mahinda Yapa Abeywardena em um comunicado.

“Durante a reunião dos líderes partidários realizada hoje, foi acordado que isso era essencial para garantir que um novo governo de todos os partidos estivesse em vigor de acordo com a Constituição e para levar adiante os serviços essenciais”.

Como a falta de combustíveis jogou Sri Lanka numa das piores crises de sua história

O Sri Lanka, uma ilha no Oceano Índico localizado abaixo da Índia, enfrenta há alguns meses o que é considerada a pior crise no país desde a sua independência, no fim dos anos 1940. Com uma inflação acima de 18%, a escassez de combustíveis já levou a protestos, feridos e à renúncia do primeiro-ministro.

Neste sábado, manifestantes invadiram a residência oficial do presidente do Sri Lanka em Colombo. Mais de 100 mil pessoas se reuniram do lado de fora do imóvel, pedindo que o líder, Gotabaya Rajapaksa, renuncie por causa da crise econômica do país.

Um vídeo transmitido pela televisão do Sri Lanka mostrou manifestantes entrando na casa do presidente – escritório e residência de Rajapaksa na capital comercial – depois de romper os cordões de segurança colocados pela polícia.

O país é a 64ª maior economia do mundo atualmente, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), e enfrenta uma combinação de problemas próprios e comuns a uma série de nações.

O cenário inflacionário do país piorou especialmente a partir de outubro de 2021. Desde abril de 2022, o índice oficial de inflação segue acima dos dois dígitos, sem sinais de ter atingido um pico.

Em 6 de junho, o novo primeiro-ministro do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe afirmou que o país está “falido”, e que milhões de pessoas enfrentam dificuldades para comprar produtos básicos como alimentos, remédios e combustíveis.

Causas da crise

Pouco antes de Wickremesinghe falar sobre a situação do país, o ministro de Energia Kanchana Wijesekera avaliou que a crise atual seria inevitável, mas foi acelerada pelo cenário externo.

“Em termos de combustível e alimentos, nosso país teria que enfrentar essa crise em algum momento. O combustível era escasso. Os preços dos alimentos subiram”, disse.

Segundo ele, crises internacionais como a guerra na Ucrânia e a pandemia de Covid-19 pioraram o quadro.

O preço do petróleo, por exemplo, disparou ao longo de 2021 e nos primeiros meses de 2022, chegando ao maior nível desde 2008. Ele chegou a superar os US$ 120, e segue acima de US$ 100.

Como o valor no mercado internacional vale para todos os países, os preços subiram ao redor do mundo, inclusive no Sri Lanka, encarecendo e dificultando a importação e levando não apenas à alta no valor dos combustíveis, mas também a uma escassez do produto.

Em mais de uma ocasião, o governo anunciou que ficaria sem combustíveis em poucos dias, e passou a depender de fornecimentos emergenciais de outros países.

A escassez levou não apenas a filas em postos, mas também à necessidade de o governo tomar medidas para reduzir a locomoção da população.

As aulas foram suspensas, funcionários do governo foram incentivados a trabalhar em home office e o combustível passou a ser fornecido apenas a serviços considerados essenciais, com aeroportos e portos podendo ter racionamentos.

Indústrias importantes para o país, como a de vestuário, têm combustível para até 10 dias, segundo relatos do governo.

À Reuters, uma fonte do governo da ilha disse que o consumo diário de gasolina e de diesel no país era de, respectivamente, 3 mil e 5 mil toneladas. No dia 26 de junho, o governo tinha 9 mil toneladas de diesel e 6 mil de gasolina em estoque, sem previsão de novos embarques.

Além disso, a alta nos preços teve um efeito em cadeia, atingido outros produtos como alimentos e remédios devido aos custos maiores de transporte.

Para Wijesekera, “devido às recentes crises globais, essa situação se agravou e nós que estávamos na frigideira caímos no forno”.

A expectativa atual do governo é que a inflação do Sri Lanka, atualmente acima de 18%, poderá chegar a 60% até o fim do ano.

Entretanto, o cenário piorou por alguns elementos estruturais da economia do Sri Lanka.

Na última década, o governo realizou grandes empréstimos internacionais para expandir serviços públicos. Desde 2016, porém, o país passou por uma série de problemas, como danos à produção agrícola devido a monções, uma crise constitucional em 2018 e um ataque terrorista em 2019.

No mesmo ano, o recém-eleito presidente Gotabaya Rajapaksa cortou impostos para estimular a economia.

Quando a pandemia começou, em 2020, o Sri Lanka precisou fechar as fronteiras, o que acabou levando a uma queda na entrada de divisas estrangeiras e problemas econômicos em um país fortemente dependente do turismo.

Nesse cenário, o déficit governamental disparou, os investimentos estrangeiros foram sendo retirados e as reservas se esgotando.

Um levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating aponta que a rúpia do Sri Lanka foi a moeda que mais se desvalorizou entre 120 países, caindo 43,6% de 1 de janeiro até 30 de junho. Como ocorre em outras economias, os preços de produtos importados dispararam, piorando o quadro inflacionário.

Consequências

O efeito mais concreto da disparada dos preços no país são as longas filas para abastecer carros ou comprar produtos. Além disso, o governo já declarou oficialmente falência, sem capacidade de honrar pagamentos para investidores estrangeiros.

O cenário da economia levou a um aumento da insatisfação popular, que resultou em uma série de protestos contra o governo e consequentes conflitos com apoiadores do governo na capital do país, Colombo. Um toque de recolher nacional chegou a ser imposto.

Por CNN

Cassio Felipe

Professor, Escritor e Jornalista Especialista em Relações Internacionais e Diplomacia

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