Presidente do Peru propõe antecipar eleições para 2024
Em aceno a manifestantes, Dina Boluarte, que substituiu Pedro Castillo, propõe ao Congresso antecipar em dois anos as eleições gerais no país andino sacudido por protestos.
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A presidente do Peru, Dina Boluarte, anunciou nesta segunda-feira (12/12), poucos minutos depois da meia-noite, que vai encaminhar ao Congresso um projeto de lei para antecipar as eleições gerais para abril de 2024, em resposta a uma reivindicação de manifestantes feita nos protestos de rua que ocorreram nos últimos dois dias em todo o país.
No mesmo discurso, a chefe de Estado, que assumiu quarta-feira passada, após o afastamento do antecessor, Pedro Castillo, anunciou também ter declarado estado de emergência em “zonas de elevado conflito social”, sem especificar as áreas.
“Dei instruções para recuperar pacificamente o controle da ordem interna sem afetar os direitos fundamentais dos cidadãos”, disse a presidente. No domingo, dois jovens morreram em Andahuaylas, no sul do Peru, quando participavam de manifestações a favor de eleições antecipadas e da renúncia de Boluarte.
Dois mortos em protestos
Os protestos em Andahuaylas e outras cidades andinas, incluindo ainda Cajamarca, Arequipa, Tacna, Huancayo, Cusco e Puno, começaram no mesmo dia em que Castillo foi destituído pelo Congresso, na quarta-feira passada. Policiais e manifestantes entraram em confronto, e, além dos dois mortos, há dezenas de feridos.
Em Lima, a polícia dispersou na tarde de domingo, com gás lacrimogêneo, centenas de manifestantes que, nas proximidades do Congresso, gritavam palavras de ordem a favor de Castillo e contra Boluarte e o Congresso.
Castillo, um professor e líder sindical sem contato com as elites peruanas, sempre teve reduzido apoio em Lima, ao passo que as populações das regiões andinas se identificam com ele.
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Tentativa de golpe de Estado
Boluarte, que era a vice-presidente, tomou posse no mesmo dia para substituir Castillo, afastado pelo Congresso depois de ter ordenado a dissolução deste e anunciado a formação de um executivo de emergência para governar por decreto e convocado uma assembleia constituinte e a reorganização do sistema de Justiça.
As medidas foram amplamente interpretadas como uma tentativa de golpe de Estado, mesmo entre apoiadores de Castillo. O Congresso reagiu e, por 101 votos a favor, de um total de 130 parlamentares (80 da oposição), destituiu o presidente por “permanente incapacidade moral”.
Nesta segunda-feira, a nova presidente do Peru, ao anunciar a decisão de antecipar as eleições e não terminar o mandato em julho de 2026, como previsto, afirmou que interpreta, assim, “da forma mais ampla possível a vontade dos cidadãos”.
“Apelo a todas as forças políticas do país, nas regiões e províncias, às autoridades, à sociedade civil e ao povo peruano para que participem neste processo, para que uma onda de vontade democrática e de responsabilidade nacional nos possa guiar e orientar, para lançar as bases legais, institucionais e democráticas de um Peru unido, livre e socialmente justo”, concluiu.
as/rk (Lusa, Efe)