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Economia

Inadimplência aumenta em janeiro devido a novas inclusões de negativados no Rio Grande do Sul

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O Indicador de Inadimplência CDL Porto Alegre de janeiro para pessoas físicas quebrou recordes históricos. As taxas totalizaram 32,1% para o Rio Grande do Sul e 34,3% para Porto Alegre, de modo que ambos os resultados atingiram seus máximos desde o início do levantamento, em março de 2022.

Da mesma forma, as variações mensais exibiram crescimento inédito, em função do aumento de 1,5 ponto percentual para o RS e de 1,1 p.p. em POA no confronto com dezembro de 2023. Ao todo são 2,756 milhões de negativados no Estado e 368,93 mil na Capital: 127,8 mil e 12,3 mil registros adicionais em comparação com o período imediatamente anterior, respectivamente.

O economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, explica que a significativa elevação dos números não teve como causa alguma alteração brusca do cenário, mas a incorporação de novos dados enviados pelos agentes credores ao SCPC da Boa Vista/Equifax pertencentes ao ramo de energia elétrica.

De acordo com as segmentações disponíveis, é possível verificar que, de fato, o volume de notificações subiu em boa parcela do RS e nas demais Unidades da Federação, ou seja, trata-se de um movimento generalizado”, ressalta o economista. Segundo Frank, a agregação integra o esforço de ampliar e qualificar as informações visando o aprimoramento do processo de análise e concessão do crédito das empresas.

Inadimplência diminui entre as empresas em Janeiro 

Os percentuais de pessoas jurídicas com limitação em crédito, cheque, protesto ou ação judicial registraram pequenas diminuições para o RS e Porto Alegre em janeiro, de acordo com a base de informações restritivas da Boa Vista Serviços S.A. Na comparação com dezembro de 2023, o recuo no âmbito estadual foi de -0,07 ponto percentual (de 14,48% para 14,41%), enquanto a retração na Capital atingiu -0,02 ponto percentual (de 15,55% para 15,53%).

Se utilizadas as estatísticas oficiais do Governo Federal, o total estimado de CNPJ’s com negativação em termos absolutos alcança 198.540 para o RS e 34.443 para POA. O economista-chefe da CDL POA aponta que a série histórica fornece evidências de quebra da tendência de alta que perdurava desde o segundo semestre de 2022: “Se, por um lado, os números pararam de crescer, por outro, seguem em patamares elevados. Logo, a sinalização envolve cautela a respeito de possíveis investimentos e contratações realizadas pelas empresas”.

Avaliação e perspectivas para Pessoas Físicas

Segundo o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, acredita-se que o balanço dos riscos é relativamente positivo para o futuro da inadimplência. Por um lado, as previsões apontam que a inflação continuará perdendo força. Por sua vez, os indicadores de emprego do Brasil e do RS tendem a seguir resilientes. A dupla combinação entre a ocupação robusta e certa preservação do poder de compra da moeda colabora para a geração de ganhos de rendimentos dos trabalhadores.

Outro elemento de suma relevância, aponta Frank, diz respeito ao prosseguimento do ciclo de redução da Taxa Selic. Em seu último comunicado, o Copom reconheceu o progresso recente dos preços e de suas aberturas rumo à meta de 3,0%. Ademais, o Comitê está atribuindo peso superior ao horizonte de 2025 – janela para a qual a projeção do IPCA (3,2%) é inferior ante 2024 (3,5%) –, lembrando que o mecanismo de transmissão da política monetária opera com defasagem sobre a economia real. A sinalização também é de que, pelo menos por duas reuniões adicionais (março e junho), o atual ritmo de corte de 0,5 ponto percentual deve ser mantido.

Além disso, completa o economista, a prorrogação do “Programa Desenrola Brasil” até o fim de março, a correção do salário mínimo acima do INPC, a isenção do Imposto de Renda PF para quem recebe até 2 SM e a expectativa de crescimento levemente abaixo de 5,0% no RS, na esteira dos indícios de uma safra de grãos próxima a um padrão normal e da retomada esperada para a indústria, constituem vetores favoráveis.

O que as empresas podem esperar para o futuro?

Assim como para as famílias, Frank entende que os elementos do atual cenário econômico corroboram com a perspectiva de melhora lenta e gradual da inadimplência das PJ’s. No entanto, a diferença para os consumidores finais reside no fato de que as empresas não contam com um programa de renegociação de dívidas em atraso na magnitude do “Desenrola Brasil”.

A inflação no atacado permanece bem-comportada, conforme o termômetro específico da FGV: -5,8% no acumulado dos últimos 12 meses até janeiro de 2024. No que se refere aos prognósticos setoriais, a agropecuária gaúcha é destaque, em contraposição aos polos do Centro-Oeste, que estão sofrendo com o fenômeno climático El Niño. Por sua vez, a indústria do RS deve se beneficiar do ciclo de redução da Taxa Selic e da ausência de fatores pontuais que colaboraram para a forte queda em 2023, como a interrupção temporária da GM e manutenção dos equipamentos da REFAP. Já os serviços respondem ao mercado de trabalho sólido e às transferências sociais destinadas aos mais pobres.

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