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Cultura

O mundo mágico do Teatro se celebra hoje, dia 19 de setembro

Uma entrevista com Juliano San, Diretor de Cultura do município de Erechim e do espetáculo “A Paixão de Cristo”

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A finalidade de representar, tanto no princípio quanto agora, era e é oferecer um espelho à natureza; mostrar à virtude seus próprios traços, à infâmia sua própria imagem, e dar à própria época sua forma e aparência“. (HAMLET, Ato III, cena II)

Uma pincelada sobre a história do Teatro

O teatro sempre esteve presente na história da humanidade desde o tempo das cavernas, época na qual o homem, sendo um exímio caçador, passou a imitar os animais, com o objetivo de deles se aproximar a caça-los com sucesso. Após, acredita-se que o caçador encenava a caça a seus companheiros para que eles pudessem entender como ela se passou, já que não havia a linguagem que hoje temos, isso se considerava teatro, não ainda um espetáculo.

A palavra teatro (théatron) deriva de os verbos gregos “ver, enxergar” e significa lugar de onde se vê. Ao longo dos séculos, existiram os famosos teatros gregos e romanos, por exemplo, os quais contribuíram grandemente para a forma de encenar na atualidade. Hoje, o teatro se configura como uma das mais importantes formas de expressão artística.

Todas as artes são importantes, mas o teatro possibilita um ganho macro de expressividade, tal como a melhora na desinibição, na dicção, na oratória, na interpretação de texto dramáticos e na compreensão de si mesmo através da catarse, diz Juliano San.

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Juliano San, Diretor de Cultura do Município de Erechim e diretor do espetáculo “A Paixão de Cristo”

Por William Shakespeare “O mundo inteiro é um palco, e todos os homens e todas as mulheres são apenas atores. ”

O Teatro e a Educação

Expressar-se em público, opinar, desenvolver a criatividade, coordenação e incremento no vocabulário são algumas das vantagens dessa arte nas escolas. De acordo com Juliano San, o teatro pedagógico, assim como é conhecido, propicia o desenvolvimento das expressões corporais e afetivas, melhora a relação interpessoal entre os educandos, incentiva o acesso à leitura e literatura dramática e possibilita o autoconhecimento. Muitas escolas oferecem aulas de artes cênicas, porém são geralmente as particulares e em grandes centros. No interior do país, principalmente, tais aulas são escassas, assim como a arte em si.

O pouco valor ao Teatro no Brasil

Apenas 23,4% dos municípios brasileiros possuem teatros ou salas de espetáculos. O dado é do ano de 2014, da Pesquisa de Informações Básicas Municipais, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo ano, os pontos de acesso à cultura estimados pelo IBGE apenas atingiram a marca de 3.422 espaços. Em entrevista realizada pelo site Brasil de Fato, Thaís Aguiar, atriz e diretora, formada pela Escola de Arte Dramática da USP, diz que acredita que o teatro, como todas as manifestações artísticas no Brasil, carece de políticas públicas, nada se faz. Enquanto rotularem as manifestações como entretenimento somente, e não como uma parte da educação, da formação de um pensamento crítico, do discernimento, da referência estética e ética, a gente vai viver à margem, nós, artistas, viveremos à margem sempre. Acredito que o problema só é cultural, porque não temos um governo preocupado com a educação do seu povo. Os artistas são vistos como marginais, não temos carteira assinada, vivemos da efêmera felicidade da contemplação de um prêmio, um cachê.

Juliano diz que o Teatro em si, também sempre carregou esse fardo de não ser valorizado pelas pessoas, sendo visto por alguns com olhar preconceituoso sobre os estilos, qualidade das peças e sobre os artistas que a representam.  Como oposto, temos o velho continente, a Europa ou os Estados Unidos onde o Teatro é fortemente apreciado e podem ser assistidos em basicamente, qualquer cidade. Lá, os teatros geralmente estão lotados e muitas peças, como por exemplo, The Phantom of the Opera (O Fantasma da Ópera) que também é musical, desde 1986 está em cartaz e roda o mundo, tendo estado muitas vezes no Brasil. Famosas peças em si, como Romeu e Julieta, Sonho de Uma Noite de Verão e Hamlet de William Shakespeare são incansavelmente encenadas e adaptadas e assim continuarão por séculos, acredita-se, devido ao valor que esses países dão à arte.

Por que o Dia Nacional do Teatro é importante?

Um dia que é escolhido para representar uma data ou celebração importante não é feito à toa, pois o objetivo disso é lembrar o quanto algo é importante para a sociedade e que precisa ser preservado. Neste dia 19 de setembro, Dia Nacional do Teatro, Juliano fala sobre a sua importância o dia nacional do teatro representa uma data de extrema relevância para homenagear uma das artes mais antigas da humanidade, em especial aos artistas brasileiros dos mais variados níveis, localidades e tempos. Principalmente no que tange à valorização deles em tempos de pandemia, na qual muitos estiveram e ainda estão vulneráveis a toda essa crise econômica, política e social existente em nosso país. 

Juliano San, Diretor de Cultura do Município de Erechim e diretor do espetáculo “A Paixão de Cristo”

Julgamos aqui, importante mostrar-lhes um pouco sobre a vida cultural de nosso entrevistado, pois ele, como poucos, tem, há muitos anos lutado e continua lutando pela cena cultural do município de Erechim e de toda a região Alto Uruguai. Com a palavra, Juliano.

Atualmente no cargo de diretor de Cultura do município de Erechim, tenho a honra fazer parte de um projeto de cultura inovador e com olhar voltado para a profissionalização e disseminação dos valores culturais aqui existentes.

Iniciei a caminhada artística através do projeto Teatro de Escola, em meados de 1998, onde fui dirigido pela especialista em Artes Cênicas Adelice Bertuol, no mesmo grupo vencedor do 4º Festival Estadual de Teatro, título inédito para cidade e região. A partir dessa conquista, nasceu o encanto e o gosto pelas artes dramáticas, que me acompanha há mais de 25 anos.

Formado em Letras, pedagogia e Licenciatura em Teatro, atuo como professor de Teatro há 20 anos, fato que me fez buscar formações pós acadêmicas, como Especialização em Docência para o Teatro e Direção de Artes.

Na área de direção teatral, fiz vários trabalhos na URI, como no projeto de extensão do Departamento de Letras, com alunos do curso, no qual atuei como diretor na peça “Unguentos Milagrosos do Dr. Sganarelo”, texto do dramaturgo Severino Mirandola Júnior, baseado na obra de Molière.

Na área de docência teatral passei pelo CECRIS (Centro Cultural e Assistencial São Cristóvão), onde atuei em festivais do SESI descobrindo talentos, recebendo, por vários anos, prêmios como melhor diretor e roteirista, levando meus alunos a galgar troféus de melhor ator, atriz e coadjuvantes.

Também tive o privilégio de desenvolver, por um período de cinco anos, um trabalho com crianças especiais no Centro Ocupacional Albano Frei, levando a terapia do teatro e da música para dentro do ambiente de alunos portadores de necessidades especiais.

Além desse projeto, por 15 anos atuamos com o projeto “Risoterapia”. Eu e o Dr. Alison Castanho. Num trabalho voluntário, íamos vestidos de palhaços aos hospitais da cidade levar alegria aos doentes em momentos de fraqueza emocional.

Junto a toda minha dedicação ao ensino de teatro cultural e educativo, hoje sou conhecido pela direção de uma das maiores produções regionais existentes no Alto Uruguai, o espetáculo ‘A paixão de Cristo”, que desde 2008 atrai milhares de expectadores para assistir à superprodução, que reúne os principais atores e atrizes da cidade. Parado em 2020, devido a pandemia, tem previsão de retorno para a páscoa de 2022. 

Também sou empresário desde 2017, juntamente com o ator e diretor de Teatro Lademir Ferreira, criamos a Cia Insight, produtora de espetáculos e eventos arte-dramáticos, apostando no fomento da arte teatral e na formação de atores profissionais para atuar na área. Parceiros como o SESI, Prefeituras da região, SESC e tantas outras empresas privadas da região de Erechim e Passo Fundo já provaram da qualidade e do esmero pelo fazer artístico desenvolvido pela Cia Insight.

Por aqui ficamos com a bela frase que, muitos creditam a Charlie Chaplin, outros dizem que o autor dela é desconhecido, porém, o que importa é sua quintessência ao tecer uma interessante comparação a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios, por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.

Texto e Entrevista: Cássio Felipe Tartas Rogalski

Cassio Felipe

Professor, Escritor e Jornalista Especialista em Relações Internacionais e Diplomacia

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