General diz que Kremlin quer controlar todo o sul da Ucrânia
Alto comandante russo indica que objetivo do regime de Putin vai muito além do controle do Donbass e sinaliza que Moscou quer privar que a Ucrânia tenha acesso ao Mar Negro. Kiev classifica plano como "imperialismo".
A Rússia quer ocupar todo o sul da Ucrânia, e não apenas o leste, não apenas para estabelecer um corredor terrestre saindo do Donbass até a península da Crimeia, mas também para criar um ponto de acesso à região separatista da Transnístria, na Moldávia, afirmou um general russo de alto escalão.
Tal ambição, se confirmada, sugere que os russos querem negar aos ucranianos acesso ao Mar Negro e tomar cidades como Odessa e Mykolaiv, no sudoeste, que permanecem sob controle da Ucrânia.
Os planos foram mencionados nesta sexta-feira (22/04) pelo general major Rustam Minnekayev, comandante do Distrito Militar Central de Moscou.
O líder militar, de acordo com agências russas de notícias, afirmou que a conquista do sul permitiria o estabelecimento de um corredor terrestre russo até a península da Crimeia, além do controle de instalações vitais para a economia ucraniana, como portos do Mar Negro que servem paras as entregas dos produtos agrícolas e metalúrgicos.
Minnekayev também afirmou, durante uma reunião com representantes da indústria bélica russa, que o controle das regiões sul da Ucrânia daria ao exército russo acesso à Transnístria. “Onde também são constatados os fatos de discriminação contra os residentes de fala russa”, disse o militar.
A Transnístria faz oficialmente parte da Moldávia, uma ex-república soviética, e desde meados dos anos 1990 conta com presença de pelo menos 1.500 tropas russas, que apoiam um governo separatista local – numa situação similar à das regiões russófonas da Geórgia. “Aparentemente, estamos agora em guerra com o mundo inteiro”, disse Minnekayev.
As agências russas não mencionaram quaisquer evidências ou detalhes dados por Minnekayev sobre a suposta “opressão” sofrida pela minoria russa da Moldávia. Tais alegações vagas costumam ser instrumentalizadas pelo Kremlin para justificar ofensivas militares contra países vizinhos.
Em sua ofensiva de propaganda que precedeu a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, o presidente Vladimir Putin fez afirmações idênticas sobre uma suposta perseguição de falantes de russo em território ucraniano. Em 2008, seu antecessor Dmitry Medvedev ordenou uma ofensiva contra a Geórgia usando alegações semelhantes.
Por DW