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Países criam Ministérios da Solidão e a sociedade faz chacota de quem busca inteligência emocional e autoconhecimento

Em um mundo que preza pelas competências técnicas, deixando de lado as comportamentais, que despreza o autoconhecimento e faz chacota de quem busca fugir dessa estatística, é difícil não sucumbir.

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Lidar com a solidão não é uma tarefa fácil para a maioria das pessoas e, infelizmente, isso se agravou com a pandemia. O cenário é preocupante e não há uma luz no fim do túnel, visto que países como o Reino Unido e o Japão criaram o Ministério da Solidão para administrar a grave situação emocional frente às adversidades da vida.

Conforme matéria da Deutsche Welle, televisão pública alemã, em 2018, o governo do Reino Unido criou o Ministério da Solidão, que serviu de inspiração ao governo japonês. De acordo com a publicação, Tracey Crouch, também encarregada de Esporte e Sociedade Civil, vai acumular o cargo como parte de uma estratégia mais ampla para combater a solidão no país, problema associado a demência, mortalidade prematura e pressão sanguínea alta.

Segundo matéria do jornal espanhol El País, em 2020, o Japão registrou 21.919 suicídios, dos quais 479 eram escolares e 6.976, mulheres. Foi o primeiro aumento em 11 anos. Devido à gravidade do cenário, governo japonês nomeou um ministro da Solidão, o qual combinará seu trabalho com o de ministro da Revitalização das Regiões e coordenará uma estratégia entre os ministérios para enfrentar um fenômeno agravado pela queda da natalidade e a massificação nas cidades, afirma o jornal.

Em 2018, a BBC publicou um estudo intitulado A Anatomia da Solidão, considerado o maior estudo do mundo sobre o assunto com 55 mil participantes. O estudo obteve importantes descobertas mostrando que os jovens de 16 a 24 anos são os que mais se sentem solitários chegando a 40%, na outra ponta, estão os idosos com mais de 75 anos chegam à porcentagem de 27%. Entre essas duas faixas-etárias, estão outras cinco. Veja o gráfico:

Reprodução/BBC

9 pontos importantes descobertos:

1. Os jovens são os que mais se sentem sós;

2. Pessoas que se sentem discriminadas, têm mais tendência a se sentirem solitárias;

3. 1/3 das pessoas com frequência ou muita frequência se sente só;

4. Estar sozinho não é o mesmo que se sentir solitário;

5. As pessoas se sentem envergonhadas pelo fato de sentirem sós;

6. Pessoas que se sentem solitárias, são mais empáticas;

7. Pessoas que se sentem solitárias confiam menos em outras pessoas;

8. Pessoas solitárias tem mais amigos virtuais;

9. Pessoas que se sentem sós dizem serem menos saudáveis.

Perguntados sobre quais seriam as possíveis soluções para a solidão, a maioria sugeriu a realização de atividades que os distraíam, como passatempos ou dedicar tempo ao trabalho ou estudo. Curiosamente, relacionar-se a dois foi a possível solução menos apontada.

A importância da saúde emocional

Estar só não significa se sentir solitário. Há uma grande diferença entre as duas situações. Estar só é quando você está desacompanhado, mas se sente bem e pode aproveitar a solitude para fazer uma autoavaliação e autorreflexão sobre sua vida, também usando o tempo para aprender e se conhecer melhor. Por outro lado, sentir-se solitário pode ser algo prejudicial, dependendo da frequência com que esse sentimento está presente, contudo, sentir-se solitário em alguns momentos é condição natural do ser humano e não deve ser estigmatizado.

Para começar, as crianças deveriam passar a aprender inteligência emocional desde cedo nas escolas, visto que desenvolver as competências emocionais é muito importante para uma vida equilibrada, tanto no campo profissional quanto pessoal dos casados e solteiros. De pouco resolve ensinar-lhes a fórmula de Bhaskara, matrizes, assim como tantos outros conteúdos que, ao longo da vida, provam-se inúteis, diferentemente, do campo emocional que nos acompanha por toda a nossa vida. Uma mente sólida, certamente enfrenta os momentos de solidão de forma mais saudável, além do mais, é preciso descriminalizar a solidão, pois ela faz parte da vida humana, como supracitado e deve ser encarada com sabedoria e naturalidade.

Segundo um levantamento da Page Personnel, de 2018, aponta que 90% dos colaboradores são desligados das empresas por conduta inesperada ou inapropriada, ou seja, são contratados pelo perfil técnico e demitidos pelo comportamental. Conforme matéria do G1, “o profissional precisa ter uma forte inteligência emocional e buscar novas habilidades, como trabalhar em equipe, respeito ao próximo, inspirar e desenvolver pessoas. Muitos executivos acabam sendo atropelados pelo próprio ego e pagando um preço alto, muitas vezes acarretando demissão”, explica Renato Trindade, gerente da Page Personnel. Prova-se aí, mais uma vez, que uma mente sã é essencial para todos os campos da vida.

Em um mundo que preza pelas competências técnicas, deixando de lado as comportamentais, que despreza o autoconhecimento e faz chacota de quem busca fugir dessa estatística, é difícil não sucumbir. Mais do que nunca, precisamos urgentemente mudar o nosso foco e trabalharmos a inteligência emocional para que sejamos mais saudáveis, saibamos fazer escolhas sadias e vivamos relacionamentos construtivos. Somente com a consciência de quem realmente somos é que seremos capazes de desenvolver nosso potencial vivendo de forma plena e saudável. Enfrentemos a solidão como condição de nossa existência e entendamos que ela é saudável e, de forma equilibrada, pode ser usada a nosso favor. Inteligência emocional é para todos, solteiros ou casados.

Cassio Felipe

Professor, Escritor e Jornalista Especialista em Relações Internacionais e Diplomacia

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