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Agropecuária

Novo sistema reduziu carrapato-do-boi em 82% sem usar químicos

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Um estudo da Embrapa realizou controle de carrapatos em bovinos sem o uso de produtos químicos, utilizando apenas estratégias de manejo, com os animais em pastejo em diferentes regiões. Chamado de Lone Tick, o sistema obteve resultados iniciais de 82% de redução da população de parasitas nos rebanhos. O trabalho está sendo desenvolvido nos biomas Cerrado e Pampa.

No Pampa, o trabalho foi iniciado no segundo semestre de 2021 e têm dado motivação para os produtores: nos primeiros resultados foram registrados uma redução de mais da metade da população de carrapatos.

A presença do carrapato nos animais faz com que seus agentes causem o aparecimento da doença conhecida como tristeza parasitária bovina (TPB) causada pelos agentes: Babesia bovisBabesia bigemina e Anaplasma marginale, o que pode levar os animais à morte. Caso não seja adotado um controle pelo produtor, este sofrerá grandes prejuízos.

Um agravante do problema vem do melhoramento genético. Os produtores de gado de corte utilizam cruzamentos com raças mais produtivas para aumentar a produtividade do seu sistema por meio da precocidade, qualidade da carne, entre outros fatores, mas essas raças são mais sensíveis ao carrapato. Estima-se a perda de um grama de carne por carrapato ao longo do ano, por isso se justifica economicamente a necessidade do controle.

Com o gado de leite o problema se repete. Animais mais produtivos costumam também ser mais sensíveis ao carrapato, e isso provoca uma perda anual de leite de 95 kg por animal, principalmente com a raça holandesa e em sistema de produção familiar, acarretando diminuição nos lucros.

Controle estratégico do carrapato

A cadeia produtiva de bovinos usa variadas formas para controle do carrapato, como o sistema tradicional, no qual o produtor define o produto acaricida que vai usar no balcão da loja de produtos veterinários, até sistemas sofisticados com o uso integrado de práticas de controle – chamado controle estratégico do carrapato – buscando impactos mínimos. 

O controle do carrapato com uso de acaricidas é a mais usual. Mas, tem causado vários problemas para produção dos rebanhos. Por isso, o produtor precisa:

1)             Conhecer a biologia do parasita para melhor controle; isso fará retardar o avanço da seleção de parasitas resistentes, maior eficiência, menor custo e menor impacto no ambiente pela redução da quantidade de acaricidas;

2)             Conhecer as diferenças de temperatura e umidade nos diversos ambientes, ao longo do ano, pois há influência na produção de gerações do parasita e sua população;

3)             Quando utilizados os acaricidas sobre os animais, é preciso aplicá-los da forma recomendada, o que não vem sendo obedecido com frequência, pois tem se observado consequências como a contaminação do ambiente, intoxicação das pessoas que aplicam o acaricida e dos produtos de origem animal. 

Carrapatos bovinos
 Infestação de carrapato Rhipicephalus microplus em bovinos da raça Senepol (Foto: Divulgação)

O controle Lone Tick

Lone tick, traduzido da língua inglesa por carrapato solitário, é um sistema de controle sanitário sem uso de acaricidas, ou seja, sem a realização de controle químico.

No Lone Tick, muda-se o boi de pasto, separando o animal do carrapato, e alternando consecutivamente o local de pastagem do rebanho. O tempo de uma rodada de quatro pastagens até ao retorno à área inicial é de 112 dias. Esse manejo promove um vazio forrageiro/sanitário de 84 dias, no local da pastagem inicial, período em que as larvas do carrapato ficam solitárias e morrem por falta de animais no local para se hospedar e se alimentar.

O trabalho compreende cinco etapas: contagem de parasitas por animal, a coleta de carrapatos para verificação da resistência dos carrapatos aos acaricidas, coleta de sangue dos animais para avaliação da presença dos agentes da TPB e para avaliação do estado de saúde geral do rebanho e a pesagem dos animais. Em seguida é realizada a rotação do lote de animais entre os piquetes de pastagens. A cada intervalo de troca de área é praticado o mesmo protocolo com os animais, repetindo as etapas.

Controle carrapatos Sergio Bender 2021
No controle Lone Tick a cada intervalo de troca de área é praticado o mesmo protocolo com os animais, repetindo as etapas. (foto: Sergio Bender)

A experiência no Sul do Brasil

O projeto está sendo desenvolvido também na região de Pelotas (RS), na Embrapa Clima Temperado. “Escolhemos o Rio Grande do Sul por dois fatores: a forte vocação para pecuária de corte e de leite e a possibilidade de avaliar o estudo em condições climáticas bem distintas da região do Cerrados”, justifica Andreotti.

Em março deste ano, a equipe do Projeto realizou um evento online no canal da Embrapa no YouTube, a live Manejo do Carrapato-do-boi sem pesticidas com a participação de Renato Andreotti, pesquisador da Embrapa Gado de Corte e o extensionista Hector Silva Diaz, da Emater/RS-Ascar.

Resultados promissores

Os resultados iniciais foram colhidos na primeira semana de setembro, mostrando-se promissora a estratégia de manejo. “Encontramos pouquíssimos carrapatos, sem vermes e sem agentes de TPB”, informa o professor Rodrigo Cunha, da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

A técnica de laboratório Jaqueline Cavalcante Barros, da Embrapa Gado de Corte, responsável pela catalogação de dados do Projeto, disse que na contagem de carrapatos em agosto, a média foi de 93 parasitas por animal. Após a instalação do projeto, a primeira contagem apresentou 37 carrapatos por animal, uma boa indicação para redução inicial da aplicação da tecnologia.

O pesquisador Andreotti afirma que os resultados preliminares de instalação da tecnologia são promissores. “Ainda precisamos experimentar a tecnologia nos próximos meses de verão no Sul para conhecer a pressão da temperatura e umidade da estação para verificar os desafios ambientais para se fazer uma avaliação mais madura do sistema nesta região, analisando o estado de equilíbrio entre aspectos nutricionais dos animais nos piquetes e a carga parasitária”, anuncia.

Sergio Bender Pampa gado 2021
O Rio Grande do Sul foi escolhido por dois fatores: a forte vocação para pecuária de corte e de leite (foto: Sergio Bender)

 Fonte: Embrapa

R. Santos

Redator.

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