Da multidão à solitude, o segredo para você conectar os pontos

Você passa boa parte de sua vida se queixando ao primeiro que aparece. Fala de sua vida privada aos colegas de trabalho, aos amigos da escola, às pessoas de toda ordem que surgem em seu caminho. Com muita sorte, encontra uma delas que lhe pode ajudar de alguma forma, pois a todos os outros, falta-lhes o conhecimento necessário ou, simplesmente, não se importam realmente.

Conforme você for amadurecendo, se tiver uma inteligência razoável, passa a entender que o silêncio é a resposta para todas as inquietações da sua alma, de todas as aflições do seu coração, de todas as perturbações da sua mente. Quebra-lo já não é uma possibilidade. Contar aos outros sobre sua vida privada, mesmo em momentos de dor, normalmente não faz mais sentido, pois também já percebeu que todas aquelas pessoas às quais você desabafou, não fazem mais parte da sua vida. Simplesmente sumiram.

Então, com algumas leituras específicas, você descobre que as respostas existem no silêncio e não naquelas milhares de palavras que dissera a todos que passaram pela sua vida. Com razão, você busca mais tempo em meio aos livros, à natureza, à sua própria vida. Imerso em quietude, as respostas começam a surgir. Você se torna contemplativo e reflexivo notando que nem tudo precisa de uma resposta verbal e que, em muitos casos, manter-se calado é solução.

O círculo de pessoas com quem você se relaciona diminui consideravelmente. O número de palavras que saem de sua boca diminui consideravelmente. O contato social diminui consideravelmente. A necessidade de estar rodeado de pessoas diminui consideravelmente. O desejo de falar diminui consideravelmente. A ânsia por se expressar, da forma que for, diminui consideravelmente. A busca por respostas em lugares ermos diminui consideravelmente.

Toda essa redução ao mundo exterior, torna-se um movimento intenso no seu âmago. Os seus problemas já não são grandes como antes. As suas angústias já não o afetam tão negativamente. Os seus momentos de tristeza se tornam reflexivos e você passa a se questionar sobre o que realmente importa na sua vida: estar rodeado de pessoas que te ouvem, mas não te escutam ou escutar a sua voz interior? Certamente, você elege a segunda opção e passa a escutar os sons do silêncio que emanam do seu eu interior, os quais ninguém conseguia ouvir, por isso ninguém conseguiu te ajudar e, no momento em que você passou a escutar a si mesmo, descobriu o fruto da paz.

Estar só é uma força motriz que vai desencadear uma sequência profunda de reflexões internas que passarão a transforma-lo naquele ser tranquilo, racional e solucionador. Eu diria que a fonte das grandes perturbações das pessoas é a incapacidade de ficarem sós e escutarem a voz interior que clama por socorro, mas é sempre abafada pelas vozes exteriores que nos levam à loucura, pois são vazias e ditas sem uma reflexão astuta. Como dizem atualmente, a maioria das pessoas apenas ouve para responder, aguardando ansiosamente o seu momento de falar. Elas não escutam, não refletem, não pensam, não raciocinam, não entendem.

Ao buscar mais momentos de solitude, de profunda reflexão sobre a vida e suas mazelas, acompanhando de bons livros e longe da maioria das pessoas, você vai descobrir, sem exageros, a solução para a sua vida. Para chegar a esse nível, é necessária certa dedicação a si mesmo, renúncia aos outros e uma certa dose de inteligência para conectar os pontos, como disse Steve Jobs, em seu discurso aos formandos, na Universidade de Stanford, na Califórnia, em 2005. Trabalhe em si mesmo e chegará um momento da sua vida em que os pontos serão conectados e todas as suas ações farão sentido.