Um belo concerto de música erudita encerrou a programação da semana de Páscoa promovida pela Prefeitura de Erechim. O evento aconteceu neste domingo (17), às 18h no salão de atos da Uri Campus de Erechim. O concerto, com entrada gratuita, contou com as apresentações do Coro da Uri de Erechim, Orquestra do Centro de Belas Artes e Orquestra de Concertos de Erechim.
O grupo Roda de Cuia foi conferir o espetáculo e aproveitou para entrevistar algumas pessoas que tornaram a Semana de Páscoa possível e proporcionaram à comunidade erexinense belos espetáculos de arte desde o dia 10 de abril. Entrevistamos Carla Talgatti, secretária de Cultura e Esporte de Erechim; Gleison Juliano Wojciekowski, pianista, regente e professor de música e Mateus Beledelli, músico e compositor de dois arranjos apresentados no evento.
O Concerto
O Coro da Uri abriu a noite com Pie Jesu de Mary Lynn Lightfoot e Nirvana de El Bosco em uma bela melodia de vozes. Logo na sequência, a orquestra Belas Artes subiu ao palco para brindar os convidados com dois arranjos próprios, criados por Mateus Beledelli; músicas clássicas tradicionais como Waltz nº 2, de Dmitri Shostakovich e Weekend Waltz de Leslie Searle; ainda, clássicos do rock como Sweet Child O’Mine e Smoke on the Water alegraram a noite da plateia, entre outras composições. Para fechar a noite com chave de ouro, a orquestra de concertos de Erechim (OCE) foi ao palco para executar belas sinfonias como a Sinfoneta de Beethoven e Concerto G Maior de Antonio Vivaldi.
Com a palavra, alguns dos responsáveis pela bela noite de domingo.
Tivemos uma programação de Páscoa bastante intensa que começou no domingo (10). Já desde o início, o público infantil esteve presente na nossa recreação que durou praticamente uma semana. Nós encerramos a programação com as crianças na quinta-feira (14) pela tarde e atendemos várias escolas da rede municipal, público em geral e algumas escolas da rede estadual. Uma parte bem importante da recreação foi trazer aqueles valores da Páscoa: o encontro com o coelhinho, o brincar e a ludicidade. Após isso, na sexta-feira (15) tivemos a encenação da Paixão de Cristo e apesar do frio, as pessoas compareceram por meio de uma procissão luminosa culminando na Praça Jaime Lago, afirma Carla.
Este ano, com a retomada das atividades e diminuição da pandemia, que permitiu a realização das atividades relativas à Páscoa, também contou com uma novidade na encenação de Sexta Feira- Santa que foi um telão, o qual permitiu que o público mais distante do palco tivesse uma visão interessante do espetáculo, conforme aponta Carla. No sábado pela manhã (16), a secretária acrescenta que foi realizada a caminhada da Fé que saiu de Erechim com destino ao Santuário de Nossa Senhora da Santa Cruz que se localiza na ERS-420, que liga Erechim à Aratiba.
Acredito que fechamos a programação com chave de ouro, pois houve uma grande aceitação do público. Estamos contentes, pois a cena cultural do munícipio já estava parada há dois anos. Estamos movendo o público e os nossos artistas também. No momento, seguimos trabalhando na programação dos 104 anos do Município que culminará no dia 30 de abril e 1 de maio, ressaltamos que ela já vem acontecendo desde o dia 05/04, finaliza a secretária.
Na cena musical erudita, o maestro regente Gleison Juliano Wojciekowski fala ao Roda de Cuia a respeito concerto deste domingo e também sobre novidades para este ano.
Quando surgiu o convite para esta noite, nós selecionamos algumas músicas que estamos preparando para os concertos de junho ou julho e outubro. Entre as músicas que tocamos nesta noite, há duas clássicas e quatro rocks. Houve uma peça exclusiva para este concerto, chamada Coelhinho da Páscoa, um arranjo de Mateus Beledelli. As outras são obras que estamos estudando para os concertos planejados mais adiante. Os alunos compraram a ideia, estão empolgados com as músicas do repertório e mesmo com pouco tempo, eles fizeram um bom trabalho, afirma o maestro.
Ademais, Gleison, em primeira mão para o Roda de Cuia, diz que a orquestra está trabalhando em um concerto de rock sinfônico para o mês de junho ou julho, do qual já executaram algumas peças nesta noite. Para o mês de outubro, estão planejando um concerto de música exclusivamente erudita e para dezembro, já estão pensando no tradicional concerto de Natal que acontece juntamente com o Padre Sala e Márcio Busatto. Para o mês de outubro, serão tocadas músicas de grandes artistas como Vivaldi, Beethoven e Shostakovich. Para o concerto de rock, Gleison conta que algumas peças como Smoke on the water e Sweet child O’Mine e um Rock Tube que é uma música escrita para orquestra, farão parte da apresentação, que ainda, possivelmente, contará com Queen, Metallica, Iron Maiden, entre outros rocks internacionais e também nacionais.
Por último, porém não menos importante, entrevistamos Mateus Beledelli de 19 anos, criador de dois arranjos musicais para este concerto: Coelhinho da Páscoa e Don’t bring me down.
O trabalho de um arranjo é muito próximo à uma composição, ou seja, você precisa tomar muito cuidado com aspectos como a harmonia, inclusive na questão de orquestração que acontece quando o compositor adapta uma peça. No caso deste concerto, a versão cantada de Coelhinho da Páscoa e Don’t bring me down foram adaptadas. Primeiramente, é preciso distribuir a harmonia entre os instrumentos, porém mais interessante, neste processo, é criar a polifonia, ou até mesmo dividir frases entre os instrumentos, formando uma massa sonora em que a melodia principal, acompanhada de várias frases, se confunde, mas permanece presente em cada instrumento. Às vezes, uma mesma frase vai sendo repetida muitas vezes e numa espécie de minimalismo, vamos acrescentando alguma coisa a cada repetição.
Mateus conta que a ideia de criar os arranjos foi com o objetivo de aprimorar o processo de leitura do pessoal. Coelhinho da Páscoa começou como uma espécie de brincadeira e a escrita para a orquestra é muito mais complexa que a música em si. A ideia de colocar um coro nesta música vai torna-la difícil para os instrumentistas, porque as frases não serão tão assimiladas, as articulações são diferentes. Os arranjos em questão foram feitos pensando na evolução do grupo e para explorar o aspecto composicional. […]. Eu gostei de brincar com o sopro, pois explorar o gênero jazz com frases de big bands junto à orquestra é a parte mais legal, finaliza Mateus.
Veja fotos do evento abaixo:
Por Cássio FT Rogalski
