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Curiosidades

Árvore plantada no Rio Grande do Sul teve semente enviada a Lua

Agência espacial NASA adicionou sequoia de Cambará do Sul à lista oficial do projeto "Árvores da Lua", fruto da missão Apollo 14, que levou centenas de sementes ao satélite em 1971

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Uma sequoia foi plantada no Parque da Fenasoja, na cidade de Santa Rosa, província do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil, em 18 de agosto de 1981. Uma combinação de cimento ao redor da árvore, secas ocasionais, iluminação noturna contínua e árvores mais altas bloqueando a luz solar levaram a árvore quase morrendo em 2006. Um homem local, Vilso Cembranel, teve o trabalho de cimento removido, as luzes retiradas, as árvores ao redor aparadas para trás, e um espioto instalado. Isso salvou a árvore, agora tem cerca de 30 pés de altura. Foi no dia 26 de setembro de 1982 que o então prefeito de Cambará do Sul, Pedro Teixeira Constantino, faria o povo da cidadezinha situada na Serra Gaúcha interromper seja lá o que estivesse fazendo para testemunhar um feito de aparência banal: agachou-se no coração da Praça Central São José e, como se desse um presente mágico ao solo cambaraense, plantou a muda de uma sequoia-vermelha.

Dali até os dias atuais, o broto ganharia um cercado e uma placa de madeira, que atestam sua importância: “Sequoia Lunar”. Quem lê o texto ao lado da insígnia descobre que a semente que deu origem à atual árvore imponente teria sido uma das centenas que embarcaram junto à missão Apollo 14, o terceiro pouso de uma nave espacial na Lua, realizado pela Nasa em 1971. A reputação do vegetal seria transmitida de geração a geração por moradores e autoridades locais — menos pela agência espacial norte-americana.

O status de árvore lunar só se tornou oficial em março de 2021 quando, após quase 40 anos desde seu plantio em Cambará do Sul, a Nasa reconheceu que a história divulgada anos a fio pelos cambaraenses não era lenda urbana: a semente da sequoia tinha, de fato, sido enviada à Lua. Agora, com o paradeiro da árvore esclarecido, a pequena cidade do Rio Grande do Sul passa a integrar a lista oficial do projeto “Árvores da Lua” (The Moon Trees, em inglês) que, depois de levar sementes ao satélite natural da Terra, distribuiu-as ao solo de países como Estados Unidos, Japão, Suíça e Brasil.

Quem deu o pontapé para que a Nasa chegasse à conclusão derradeira foi Douglas Hecher, cientista da computação gaúcho que, desde 2017, também se dedica a estudar a história e as características do Parque Nacional dos Aparados da Serra.

A semente que lhe deu origem permaneceu em órbita junto ao astronauta norte-americano Stuart Roosa durante todas as 34 voltas lunares da missão Apollo 14, que ocorreu entre 31 de janeiro e 9 de fevereiro de 1971. A nave tripulada também contou com a presença dos astronautas Alan Shepard e Edgar Mitchell que, ao contrário do primeiro, realizaram experimentos científicos na superfície da Lua. 

Outras duas mudas dessa leva de sementes foram plantadas no Brasil antes de chegar ao solo cambaraense: uma na sede do Ibama, antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), em Brasília — que em 1980 recebeu alguns brotos como um gesto diplomático do Serviço Florestal dos Estados Unidos — e a outra no Parque de Exposições de Santa Rosa, no noroeste do Rio Grande do Sul, que foi cultivada em 1981 após o então prefeito da cidade, Antonio Carlos, solicitar ao IBDF que lhe ajudasse com um atrativo turístico para a 5ª Feira Nacional da Soja.

As mudas lunares foram presenteadas a escolas, universidades, parques e escritórios governamentais, a maioria deles nos Estados Unidos — o plantio também serviu bem às celebrações do bicentenário dos EUA, em 1976.

brazil santa rosa tree
Foto: Nasa

Comprovação

O impasse da comprovação se era verdadeira levou Hecher a enviar um email a Dave Williams, cientista responsável pelo banco de dados da Nasa, questionando-o sobre a ausência da cidade na lista do projeto. Em julho de 2019, o gaúcho perguntou: “Poderia ser um erro ou essa é, de fato, uma árvore lunar?”. A sequoia lhe chamou a atenção enquanto estudava os cânions do Parque Nacional dos Aparados da Serra para um projeto independente, cuja proposta é se tornar uma “enciclopédia” sobre a unidade de conservação brasileira.

A resposta viria no dia 9 de março de 2021: “Lamento por não ter respondido ao seu e-mail antes, obrigado por me alertar sobre a árvore”, escreveu Williams, antes de explicar que a mensagem provavelmente havia se perdido em sua caixa de entrada. Na linha seguinte, o cientista deu aval à história sustentada pelos moradores de Cambará do Sul desde os anos 80: “Eu já tinha ouvido falar da árvore em Cambará do Sul e simplesmente não tinha conseguido verificar ou montar uma página [no site do projeto], mas acabei de fazer isso”.

brazil santa rosa tree plaque
Tradução da placa: “Para as próximas gerações, para os filhos de nossos filhos que estudam nossa história e vêem o passado, o honorável Sr. prefeito desta cidade, berço nacional da soja, Antonio Carlos Borges, tendo para testemunhas o povo de Santa Rosa e autoridades de todo o país, anunciou que, no encerramento da V Feira Nacional de Soja, foi aqui instituído o Santuário da Natureza, buscando reconciliar os homens e o ambiente natural. Aqui foi plantada uma muda cuja semente, transportada pela missão norte-americana Apollo XIV, germinada em solo lunar. Neste dia, todos os sinos das igrejas tocaram em júbilo, pois os homens voltaram às leis naturais e aqui todos os credos, em uma cerimônia ecumênica, demonstraram a eternidade dos homens através de Deus, criador de todas as coisas.” Santa Rosa, RS, 18 de agosto de 1981

As sementes na lua

A missão Apollo 14 foi uma das primeiras a estudar como as sementes se comportam em gravidade zero. A Nasa queria avaliar se, quando retornassem à Terra, os grãos submetidos a essa condição teriam suas taxas de germinação afetadas. Foi uma das primeiras experiências biológicas feitas no espaço. 

De volta ao solo terrestre, em 1971, elas foram enviadas aos laboratórios do Serviço Florestal dos Estados Unidos, onde foram transformadas em cerca de 450 mudas. Para surpresa dos biólogos, elas cresceram normalmente e, em 1975, suas “descendentes” estavam prontas para deixar os arredores do laboratório.

Atualmente, após décadas de crescimento, os cientistas não observaram nenhuma diferença perceptível entre as árvores que cresceram a partir dessas sementes lunares e aquelas que nunca deixaram a Terra. “A Apollo 14 foi a primeira missão a mostrar que a ausência de gravidade não afeta o desenvolvimento biológico da flora”, lembra Hecher, que atualmente estuda Astrofísica na Faculdade de Santa Catarina (FASC).

Acima, os três astronautas da Nasa que participaram da missão Apollo 14: (Foto: Nasa)
Acima, os três astronautas da Nasa que participaram da missão Apollo 14: Stuart Roosa, Alan Shepard e Edgar Mitchell (Foto: Nasa)

Fonte: Conteúdo escrito com o apoio de NASA / Arquive.org / discovermagazine

Nelsir Luterek

Empresário, colunista, especialista em TI, mentor, CTO e consultor estratégico em inovação.

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