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Mundo

A crise em Belarus: Uma visão geral, por Volha Yermalayeva Franco

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Belarus foi um dos países integrantes da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, mas desde 25 de agosto de 1991 tornou-se independente. Desde 1994 está nas mãos do presidente autoritário Alexander Lukashenko  (em belarusso: Aliaksandr Lukashenka), o qual pretende realizar um referendo no próximo mês de fevereiro com o objetivo de ampliar os seus poderes como presidente. Outros já aconteceram em 1996 e 2004 com o objetivo de mantê-lo no poder e protege-lo de ser processado. A ideia deste terceiro referendo surgiu em 2016 pelo próprio Lukashenko, a qual tem sido reforçada, principalmente após os protestos de sua reeleição em agosto de 2020. Todos os referendos, assim como as reeleições são considerados fraudulentos.

Seguindo a entrevista exclusiva ao Portal Roda de Cuia e ao site https://assuntosinternacionais.com/ realizada com Peter Stano, porta-voz dos Negócios Estrangeiros e Política de Segurança da Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia em setembro de 2021, na qual ele falou sobre as sanções que a União Europeia já havia aplicado contra Belarus devido ao regime opressor de Lukashenko. Posteriormente, em 15 de dezembro de 2021, falamos sobre como a crise no país europeu pode afetar o Brasil, seguimos com uma nova entrevista com Volha Yermalayeva Franco, representante da Embaixada Popular de Belarus no Brasil. Ela atualmente vive em Salvador, na Bahia. Devido a extensão do tema, decidimos dividir a entrevista em partes que serão publicadas semanalmente.

A conversa com a nossa entrevistada

Volha conta que quando Alexander Lukashenko chegou ao poder em 1994, ela estava na primeira série escolar. Ela lembra que ele tinha bastante popularidade, principalmente entre a geração mais velha. Sua promessa era acabar com a corrupção e estabelecer um governo forte com foco a reconduzir o país às características da União Soviética. Segundo ela, essa volta ao status anterior parecia  uma boa ideia para muitas pessoas, pois o colapso da URSS levou o país a uma situação econômica muito complicada levando a surgimento de desigualdade social em meio a uma reestruturação de economia planejada para a de mercado.

“Teve muitas pessoas, principalmente as classes mais vulneráveis, como os aposentados, […] ficaram muito vulneráveis na época e, em geral, eles (os aposentados) são uma classe muito grande no país, pois a natalidade diminuía […]. No entanto, há controvérsias se ele – Lukashenko – chegou ao governo de forma realmente democrática, pois havia eleições, porém, tinha a mão de Moscou. ” Aqui, Volha se refere a autoridades políticas da Rússia.

Em uma história curiosa, Volha conta que houve um episódio semelhante ao que aconteceu com Bolsonaro. Diz ela que Lukashenko viajava pelo país quando sofreu um atentado a tiros, com o objetivo de assassiná-lo, porém o suspeito nunca foi encontrado. Soube-se mais tarde que o carro dele foi baleado quando estava parado e não em movimento como alegado. Assim o então candidato à presidência conseguiu passar uma imagem de alguém perseguido e que por isso, seria uma boa pessoa. Tal fato elevou a sua popularidade, um truque político, como diz Volha, forjar um atentado para ganhar popularidade.

Então, conforme Volha continua dizendo que logo que ele – Lukashenko – chegou à presidência, ele começou a centralizar os 3 poderes: legislativo, executivo e judiciário. Assim, devido às alterações, o presidente belarusso foi, aos poucos, dissolvendo os poderes e as instituições fazendo-as trabalharem a seu favor. Hoje ele concentra, basicamente, todo o poder.

“Nenhuma das eleições de Lukashenko foram, de fato, transparentes e democráticas. Sempre houve prisões preventivas de candidatos ou ativistas da oposição. Sempre houve repressão aos manifestantes, falsificações registradas por observadores. Não é novidade, isso é um projeto que ele – Lukashenko – está construindo desde que chegou ao poder. ”

Nos próximos dias, postaremos a próxima parte da conversa com Volha.

Obrigado e até breve!

Texto e entrevista: Cássio Felipe Tartas Rogalski


Cassio Felipe

Professor, Escritor e Jornalista Especialista em Relações Internacionais e Diplomacia

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