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Carta sobre a amizade a um garoto de 15 anos

“Coisa alguma jamais me satisfará, por mais excelente ou benéfica que seja, se eu precisar guardar apenas para mim o fato de que a conheço... Não há prazer em possuir uma coisa boa sem amigos com quem compartilhá-la. ” Sêneca

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O sentimento de amizade é um dos mais nobres e presentes na vida dos seres humanos. Sendo considerada uma necessidade humana desde a filosofia antiga, ter amigos é essencial para o desenvolvimento de uma pessoa, tanto na vida privada, como na vida social.

Os amigos são aquelas pessoas que estão ao nosso lado para nos suplantar em momentos bons ou ruins, ou pelo menos deveriam estar. É praticamente impossível viver sem compartilhar a vida com alguém e, não falo aqui sobre um cônjuge, mas amigo, no sentido mais profundo da palavra.

Conforme vamos crescendo, normalmente cercados por outras crianças, automaticamente vamos aprendendo o valor de uma boa amizade e a dor de uma falsa. Vamos amadurecendo e passamos e perceber que, muitos daqueles que se mostravam amigos, na verdade não eram. Apenas estavam ao nosso redor por alguma conveniência.

Quando você passa toda a sua vida escolar na mesma instituição de ensino, você é levado a crer que os amigos que têm, são para a vida toda. De alguma forma, eles ficam anos ao seu lado criando a falsa impressão, em meio à inocência, de que eles serão suficientes e estão sempre disponíveis e assim sempre será.

Chega um momento em que as desavenças começam a aparecer, normalmente pelos 15 anos. Um amigo ou outro se afasta de você por alguma razão. Você sente que aquilo não é certo, pois sabia, até então, que ele estaria ali para você a vida toda. Estranhamente, você segue seu curso com os outros vários amigos da escola, mas aquele antigo amigo parece ser uma pedra no sapato, não por ele te perturbar, mas pelo fato de você não compreender a razão pela qual não são mais amigos.

A idade adulta chega, você vai para a faculdade e, como um soco no estômago, dos dez amigos da escola, com muita sorte, dois ou três permanecem por perto. Então você se olha no espelho e pensa naqueles dias em que acreditava que eles seriam para sempre. Um vazio invade o seu coração, mas você precisa seguir, mesmo sem conseguir entender.

Sua vida vai passando, seus amigos que restaram, desaparecem. Ao mesmo tempo, você se vê amigo de outras pessoas e, a essa altura, já entende que nada é para sempre. A vida adulta se mostra cruel quando você percebe que quanto mais velho fica, menos amigos fiéis tem. Somente nesta época, muitos descobrem que a maioria são semiamigos, como diz Leandro Karnal

Neste momento, você que ouviu seu pai sempre dizer para não confiar em ninguém, começa a entender o sentido disso, mesmo não querendo admitir que ele tinha razão. “Se existe alguém em quem você pode confiar, é nos seus familiares, no pai e na mãe,” diz ele. Isso parece cruel, mas ao observar o comportamento humano, traçando padrões, você confirma a hipótese.

Com muita sorte, indo contra os dizeres de seu pai, você encontra, pelo menos uma amizade verdadeira e a agarra com unhas e dentes. Contudo, sabe que existe a possibilidade de se decepcionar. Mas isso pouco importa, pois você já é maduro e está mais preparado para as decepções ou, pelo menos, deveria estar.

Aqueles outros amigos com os quais você passou muitos anos juntos na vida adulta, mostram-se arredios quando percebem que você está buscando autoconhecimento e crescimento pessoal, sentem-se incomodados com a sua evolução e, pouco a pouco, conscientemente ou não, vocês se afastam.

Para a sua salvação, aquele amigo fiel, continua ao seu lado e, aos poucos, você passa a conhecer outras pessoas. Criteriosamente, com experiência, você já consegue perceber de antemão se é possível depositar alguma confiança naqueles que se aproximam. A partir daí você passa a ter um ou dois novos amigos, depois de uma análise minuciosa em várias etapas. Ninguém mais te conquista de um dia para o outro.

Suas experiências de vida, leituras, viagens, conversas, estudos passam a te mostrar que as verdadeiras amizades têm um valor inestimável, que a maioria dos que se aproximam, apenas estão ali por alguma conveniência e você passa a ser mais cauteloso em suas atitudes em relação a tudo e a todos.

Infelizmente, das inúmeras amizades da adolescência, que enchiam duas mãos, agora, não enchem uma sequer. De certa forma, você passa a se sentir confortável, pois também já entende que o que realmente importa é a qualidade e não a quantidade de amigos.

Nunca se sinta mal por ter um ou dois amigos verdadeiros, mas se sinta orgulhoso, pois eles são fiéis e você é sábio. Ao contrário, se você está na idade adulta e acredita que todos são amigos, você está precisando reavaliar as suas necessidades, critérios e qualidade daqueles que estão ao seu redor. Quanto mais pessoas por perto, maior a chance de traição.

Conserve os bons e poucos amigos como aquelas joias caras que você colocaria em um banco sabendo que valem muito. Muitas vezes, eles serão os únicos que estarão ao seu lado, ouvir-te-ão sem julgamentos e te ajudarão com a mais pura sinceridade, pois sabem que a amizade é uma troca e que amigos crescem juntos.

Aqui você pode ler outros textos para seu autoconhecimento.

Cassio Felipe

Professor, Escritor e Jornalista Especialista em Relações Internacionais e Diplomacia

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