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O vazio da existência humana é implacável

Quantos mais cientes nos tornamos da vastidão do vazio da existência humana, maior ele se torna.

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Por mais que estejamos ou sejamos sós e aceitemos essa condição de forma pacífica dentro de nós, a autossuficiência humana nunca é completa e haverá aqueles momentos em que você se sentirá só. Mesmo assim, desejando alguém por perto, concomitantemente sente que ninguém poderia lhe suprir esse vazio momentâneo e que, provavelmente, as pessoas que você conhece e fazem parte do seu círculo, estão em seus lares ou em qualquer outro lugar nem lembrando de sua existência.

É um sentimento estranho de querer estar com alguém, mas sentir que ninguém lhe poderia fazer companhia. Às vezes, o vazio é profundo e o sentido da vida parece não existir causando a impressão de que você apenas está esperando pelo dia seguinte, depois pelo outro, assim por diante, até que chega o dia de sua morte e se, neste momento, você ainda tiver lucidez, grandes chances existem de o sentido de sua vida ainda não ter sido descoberto.

Se tentarmos obter uma perspectiva geral da humanidade num relance, constataremos que em todo lugar há uma constante e grandiosa luta pela vida e existência; que as forças mentais e físicas são exploradas ao limite; que há ameaças, perigos e aflições de todo gênero. (Trecho do ensaio O vazio da existência de Arthur Schopenhauer)

Isso é muito curioso, inquietante e, por vezes, perturbador. A inexistência de uma explicação para a existência humana pode ser algo que lhe assombre a vida toda, mesmo para aqueles que não buscam explicação para tudo. À medida que nos percebemos solitários e frágeis, partimos em busca de maneiras de aliviar nossa falta de compreensão diante da vastidão daquilo que desconhecemos e quanto mais descobrimos, maior projeção o desconhecido toma.

Diante de todo esse cenário pavoroso, as pessoas buscam preencher suas vidas com os mais variados artifícios para evitar que o fantasma do vazio lhes assombre. Umas necessitam estar na companhia de outros o tempo todo; alguns assistem televisão ou mergulham nas redes sociais; outros tantos afundam-se em vícios como álcool e drogas; há aqueles que ficam horas e horas em festas intermináveis tentando dar um sentido à vida e por aí se segue. Esses todos têm pavor se encontrarem consigo mesmos e enfrentar o vazio de suas almas.

Novamente, há a insaciabilidade de cada vontade individual; toda vez que é satisfeita um novo desejo é engendrado, e não há fim para seus desejos eternamente insaciáveis. (Trecho do ensaio O vazio da existência de Arthur Schopenhauer)

O vazio que habita nossas almas precisa ser encarado como algo inerente à condição humana e quanto antes entendermos isso, mais fácil será a nossa passagem por este mundo ou, talvez não. Pois ao compreender a vastidão do vácuo em nós, podemos ir em busca incessante por algo que nos preencha e isso nos tornará infelizes e também poderá esfregar o vazio de existência em nossos rostos. Destarte, não necessariamente e somente aquele que está só, mas aquele que está rodeado de semelhantes também, muitas vezes, ao se olhar ao espelho, vê apenas o seu reflexo.

Está suficientemente claro que a vida humana deve ser algum tipo de erro, com base no fato de que o homem é uma combinação de necessidades difíceis de satisfazer; ademais, se for satisfeito, tudo que obtém um estado de ausência de dor, no qual nada resta senão seu abandono ao tédio. Essa é uma prova precisa de que a existência em si mesma não tem valor, visto que o tédio é meramente o sentimento do vazio da existência. Se, por exemplo, a vida – o desejo pelo qual se constitui nosso ser – possuísse qualquer valor real e positivo, o tédio não existiria: a própria existência em si nos satisfaria, e não desejaríamos nada. (Trecho do ensaio O vazio da existência de Arthur Schopenhauer)

A questão que fica é que por mais que busquemos preencher nossas vidas para que não caiamos no vazio da existência, tão mais nos arriscamos a tê-lo presente. Assim, como expressa o dito popular, tudo na vida é questão de equilíbrio, porém não me parece muito fácil encontrar estabilidade na vida já que ela, como também expressa a sabedoria popular, é feita de altos e baixos. Por fim, considerando isso tudo, é compreensível que o ser humano viva perturbado e viva erroneamente, cambaleante procurando escapar do destino implacável e, ao mesmo tempo, tendo que enfrenta-lo.

Cassio Felipe

Professor, Escritor e Jornalista Especialista em Relações Internacionais e Diplomacia

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