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Viver o agora é o segredo para a paz que você precisa

Para Sêneca, o medo é uma forma de servidão e "não há nada pior do que se preocupar com eventos futuros".

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A preocupação nos tira a paz, frequentemente afetando nossas vidas de forma intensa. Quando está fora de controle, transforma o nosso dia a dia em inquietação e irritação, ocasionalmente, causando-nos violência interna e, até mesmo, externa. Nas mentes das pessoas, de todas as classes, cores e credos, esse sentimento pode destruí-las, fazendo-as imaginar situações de toda ordem que, na verdade, em grande parte só existem de fato na sua imaginação. Como dizia Sêneca, sofremos com mais frequência na imaginação que na realidade.

Tê-la sob controle é essencial para uma vida bem vivida. Contudo, grande parte das pessoas permite que tal sentimento se propague em suas mentes a ponto de viverem sob sua influência, do amanhecer ao anoitecer, sem mencionar as noites que passam em claro. Um sábio as questionaria a respeito da razão de elas se preocuparem com eventos que nem sabem se irão acontecer. Elas o fazem, como se tivessem certeza de que amanhã estarão vivas e, se estiverem, deveriam entender que o certo é se preocupar com algo quando o momento chegar, jamais antecipar possíveis sofrimentos. Não permita que o futuro o perturbe, já que quando ele chegar, você o enfrentará com a mesma sensatez com que encara o presenta, afirma Sêneca.

A ansiedade deriva da preocupação excessiva com o futuro ou com a probabilidade de algo acontecer. Sêneca explica que existem dois grandes medos que os seres humanos precisam superar, a saber: o medo da morte e o medo da pobreza. O primeiro está totalmente fora de nosso controle; o segundo, não necessariamente, contudo, não pode ser fonte de preocupação exorbitante como é para tantos. Então, é preciso entender que muitos eventos de nossa vida, fogem de nosso controle, portanto, preocupar-se e sofrer por eles, é tolice. É exatamente por isso que muitos vivem atormentados, pois não conseguem controlar fatores externos e jamais o farão.

Abrir mão de querer controlar tudo ou entender tudo, abrirá caminho para o sossego da mente e uma vida mais tranquila. Para Sêneca, filósofo estoico, em vez de nos irritarmos e nos preocuparmos com fatos do mundo exterior perfeitamente normais ou esperados, como tomar um banho de chuva, ser xingado no trânsito ou perder algum dinheiro, devemos analisar os juízos interiores que causam essa irritação. Consequentemente, uma vez compreendidos, podemos aprender a viver mais equilibradamente. O imperador Romano Marco Aurélio faz uma análise sagaz: “Livre-se do juízo ‘Fui prejudicado’, e a sensação de ter sido prejudicado, desaparece. Livre-se do ‘Fui prejudicado’, e você estará livre do dano em si. ”

Sêneca afirmou várias vezes que você só pode ficar ansioso se achar que o momento presente não está satisfatório; a única vida que temos de fato, acontece no presente. É preciso trabalhar a mente para que ela esteja totalmente concentrada no momento chamado agora, assim, como continua o filósofo, o passado e o futuro estão ausentes e não podemos sentir nenhum deles – ou pelo menos não deveríamos – só as emoções, as opiniões ou a imaginação podem ser fonte de dor.  Jamais imagine um catastrófico evento futuro, pois o futuro não existe, ele é apenas uma projeção e você nem tem garantia de que estará lá para vive-lo. Concentre-se no presente. Carpe Diem!

O escritor norte-americano Mark Twain dizia que ele era um homem velho e havia passado por muitos problemas, mas a maioria deles nunca havia existido, referindo-se ao fato de haver se preocupado em vão durante a sua vida com acontecimentos futuros imaginários. Uma forma interessante de minimizar as preocupações é citada por Marco Aurélio, a “visão de cima”, a qual envolve imaginar-se muito acima do nosso planeta e olhar para a Terra com a percepção de como somos pequenos e como nossos problemas são minúsculos em comparação com o universo.

Como tudo na vida exige treino, aprender a viver no presente não é diferente. Para reduzir suas preocupações, você pode monitorar seus juízos internos e as emoções que eles provocam enquanto o processo acontece e você começa a sentir ansiedade, explica David Fideler, em seu livro Um café com Sêneca: um guia estoico para a arte de viver. É preciso trazer de volta para o presente nossa mente que está no futuro e viver plenamente o presente, pois o futuro sequer existe, explica David. Albert Ellis, um dos fundadores da terapia cognitivo-comportamental (TCC), quando começava a trabalhar com novos clientes, dava-lhes um papel com a seguinte máxima: Não são as coisas que nos perturbam, e sim nossas crenças em relação a elas. São as crenças não examinadas e irracionais que causam reações que nos perturbam.

Outra forma de diminuir a ansiedade em relação ao futuro é limitar suas expectativas. Quanto mais elevada for uma expectativa, mais necessidade de se preocupar com que ela se realize você terá. O filósofo estoico Hecato dizia: deixe de ter esperanças e você deixará de temer, ou seja, limite qualquer tipo de sentimento futuro referente a realizações e eventos, assim, você viverá no presente com mais facilidade sem temer que algo futuro possa dar errado. Ademais, você precisa superar o medo da morte, já citado como sendo uma das grandes preocupações de todo ser humano. Isso acaba com a paz de qualquer um, pois considerar a morte terrível é um erro cognitivo, visto que ela é algo natural.  

Segundo Sócrates, o medo surge da opinião de que a morte é assustadora. Portanto, para ele, sempre que nos sentirmos frustrados, perturbados ou contrariados, nunca devemos culpar ninguém, apenas nós mesmos – isto é, nossas próprias opiniões. Por fim, mas não menos importante, Sêneca nos dá uma dica valiosa ao recomendar que, frequentemente, consideremos com antecedência todas as adversidades que podem nos atingir. Assim, se ocorrer uma fatalidade, estaremos mentalmente preparados e o golpe do infortúnio será menor. Viver no agora não é apenas uma solução psicológica para Sêneca, como também um dos elementos-chave para uma vida humana completa.

Cassio Felipe

Professor, Escritor e Jornalista Especialista em Relações Internacionais e Diplomacia

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